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Cade garante vigília sobre a venda do HSBC

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01 de julho 2015

O CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) vai atuar na venda dos ativos do HSBC no Brasil. A garantia foi dada pelo presidente do órgão, Vinícius Marques de Carvalho, durante reunião realizada ontem (30/06), em Brasília, com parlamentares e representantes da COE (Comissão de Organização dos Empregados) do HSBC.

"Vamos analisar a fusão do HSBC. Iremos fazer com que o banco cumpra suas responsabilidades para sair do mercado brasileiro. O principal fiscalizador desse processo é o Banco Central, mas nós também vamos analisar a fundo todo o processo" afirmou Marques.

De acordo com decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), cabe ao Banco Central atuar como ente regulatório setorial em casos de fusões de bancos e o CADE age como autoridade antitruste. 

Participaram da reunião a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), os deputados federais Enio Verri (PT-PR), João Arruda, (PMDB/PR) e Toninho (PT-PR), a vice-prefeita de Curitiba e secretária Municipal do Trabalho, Mirian Gonçalves, os diretores do Sindicato dos Bancários de Brasília e funcionários do HSBC, Paulo Frazão e Raimundo Dantas, além dos presidentes da Fetec-PR, Junior Cesar Dias, e do presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba, Elias Jordão, e a representante da Fetraf-RJ/ES na COE, Renata Soeiro. 

A senadora se mostrou bastante preocupada com a venda do banco HSBC devido ao risco de grande número de demissões e de concentração financeira nas mãos de poucos bancos. "Em 18 anos, o HSBC teve um lucro de mais de R$ 15 bilhões. Agora, além de não explicar os problemas com os quais está envolvido, vai deixar um vazio na nossa economia. Há uma CPI do Senado para acompanhar o caso e, se for preciso, iremos a Londres falar com o presidente mundial do banco."

A vice-prefeita de Curitiba e Secretária Municipal do Trabalho, Mirian Gonçalves, falou sobre a preocupação com as famílias daqueles trabalhadores que ficarão desempregados. Miriam ressaltou que o mercado de trabalho em Curitiba será impactado fortemente devido às demissões. "A cidade não tem como absorver a mão de obra de cerca de 8 mil trabalhadores, com uma média salarial de R$ 5 mil. O banco disse que pagou a conta financeira. Queremos saber quem pagará essa conta social", observou.

O banco possui atividades em 853 agências espalhadas por 531 municípios do País totalizando cerca de 21 mil trabalhadores diretamente ligados a ele. Somente no Paraná, são cerca de 12 mil empregos entre diretos e indiretos.

Para Elias Jordão, a maior preocupação dessa venda é o impacto na vida dos trabalhadores. "Pedimos ao CADE para que dê uma olhada para a sociedade. Teremos um impacto muito grande, a derrota será catastrófica. Além do desemprego dos trabalhadores diretamente ligados ao Banco teremos impacto no comércio local e em outras áreas da sociedade como um todo."

Já o presidente da FETEC, Júnior César, acredita que a reunião foi produtiva e pode gerar frutos positivos. "Em comparação a penúltima reunião houve avanço na intenção do CADE. Sair daqui com a afirmação de que o Presidente se comprometeu a analisar o processo de venda é um avanço que temos que comemorar. Isso significa que os trabalhadores e a sociedade ganharam mais um aliado nessa luta", ressaltou.

"Desde os primeiros rumores da venda do HSBC, no início de maio, que nós, representantes dos funcionários do banco, iniciamos essa força-tarefa para preservar o emprego desses trabalhadores. Iremos a todas as instâncias que forem necessárias para que evitar as demissões", enfatizou Frazão, ao lembrar que foi realizada na terça-feira (30) a Jornada das Américas em defesa do emprego no HSBC em todos os países da América Latina em que o banco atua.

Raimundo Dantas disse que o Sindicato dos Bancários de Brasília está acompanhando cada passo de toda a movimentação com relação à venda do banco. "Queremos garantir que os empregados tenham o menor impacto possível com essa venda."

Após a reunião, os representantes dos trabalhadores foram recebidos no gabinete da senadora Gleisi Hoffmam para reunião com o senador Paulo Rocha, presidente da CPI do HSBC. Além de dar um breve relato dos andamentos da CPI, o senador ressaltou que é o momento dos movimentos sindicais participarem na CPI e, assim, os trabalhadores possam ter voz diante do momento de ameaça de desemprego.

A luta continua 

A senadora Gleisi Hoffmann será interlocutora da COE junto ao presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em reunião que acontecerá nesta quarta-feira (1º/07), em Brasília.

Também está prevista uma audiência da COE com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para reivindicar que o assunto seja debatido na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), do Senado.

Fonte: Contraf-CUT, com Sindicatos