Categoria vai às ruas nesta quinta protestar contra independência do BC

01 de outubro 2014
Apesar de estar em meio a mais uma greve por tempo indeterminado para pressionar a Fenaban, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a atenderem as reivindicações da Campanha Nacional Unificada 2014, a categoria bancária fará amanhã (2/10) manifestações em 10 capitais para combater as propostas políticas que os bancos colocaram na agenda da eleição presidencial deste ano, entre elas a independência do Banco Central, a limitação do papel dos bancos públicos e o fim do crédito direcionado.
Os atos foram convocados pelo Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, e estão recebendo apoio da CUT e de outras centrais sindicais e movimentos sociais.
A manifestação em frente à sede do Banco Central, em Brasília, será às 17h00. Haverá atos também, em horários diferentes, nas representações do BC em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza e Belém. Na capital paranaense, a concentração ocorrerá às 10h00.
Bancos de um lado, bancários de outro
"Os bancos e o mercado financeiro já escolheram seus candidatos na eleição presidencial e para defendê-los estão fazendo terrorismo econômico sem precedentes contra a sociedade brasileira. Isso é inaceitável. O Brasil não pode ficar refém dos rentistas e dos especuladores, que manipulam o mercado e as consciências apenas em busca do lucro fácil, sem se importar com a população e com o futuro do país", denuncia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.
"Nós, trabalhadores, também temos lado. E é oposto ao dos bancos. Nós queremos o desenvolvimento econômico e social do Brasil, com geração de emprego e distribuição de renda. O mercado financeiro age para concentrar a riqueza, num país que, apesar dos avanços da última década, continua sendo um dos 12 mais desiguais do planeta", acrescenta Cordeiro.
"Por isso somos contrários à independência do Banco Central, que já desfruta hoje de autonomia excessiva e de aproximação promíscua com os bancos. A independência formal do BC significa entregar a condução da política macroeconômica do país a esse mercado financeiro especulador e irresponsável, roubando essa atribuição constitucional dos governos democraticamente eleitos pela população. Seria transformar o BC no sindicato nacional dos bancos. O que o Brasil precisa, ao contrário, é de um BC independente dos bancos e da democratização do Copom, com a participação da sociedade", argumenta o presidente da Contraf-CUT.
Defesa dos bancos públicos
O Comando Nacional dos Bancários também defende a ampliação do papel das instituições financeiras públicas, ao contrário do que pregam os bancos privados e alguns candidatos à Presidência da República. Enfraquecê-las, significaria abrir mão de um poderoso instrumento de fomento de políticas públicas.
Na crise de 2008, enquanto os bancos privados fecharam as torneiras e encareceram o crédito, BB, Caixa, BNDES, BNB e Banco da Amazônia ampliaram a participação na oferta de crédito, saltando de 36% para 51% entre janeiro daquele ano e dezembro de 2013, o que manteve o mercado de consumo aquecido e gerando empregos - reduzindo os efeitos negativos da crise.
"Agora, os bancos privados, paladinos do livre mercado, querem usar o Estado para reduzir o papel dos bancos públicos. Essa redução, combinada com o fim do crédito direcionado, significaria a extinção dos financiamentos a juros mais baixos da agricultura familiar, dos programas de moradia como Minha Casa Minha Vida, do microcrédito e das obras necessárias de infraestrutura de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, geração e transmissão de energia", alerta Carlos Cordeiro.
"Por isso tudo os trabalhadores do sistema financeiro vão às ruas nesta quinta-feira. Queremos dialogar com a população sobre os riscos que o país corre se essa agenda dos bancos for implementada e mostrar que, ao contrário, o Brasil precisa de mais desenvolvimento, mais e melhores empregos e distribuição de renda", conclui.
Fonte: Contraf-CUT