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Bradesco se posiciona a respeito de direitos dos funcionários com a incorporação

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02 de setembro 2016

Após a mediação na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, realizada no dia 11 de agosto, a direção do Bradesco voltou a se reunir com os representantes dos bancários na quarta-feira (31/08), em Curitiba.

O objetivo do encontro foi, novamente, esclarecer as principais dúvidas da categoria quanto à incorporação dos funcionários do HSBC.

Desde que a venda foi concretizada, o movimento sindical Curitiba vem recebendo denúncias e reclamações dos trabalhadores e trabalhadoras e está alerta em relação à manutenção dos empregos, bem como aos direitos específicos.

Na reunião, os representantes do banco se posicionaram a respeito de vários pontos, demonstrando, em alguns casos, a intenção de cortar conquistas dos bancários e bancárias do HSBC, como, por exemplo, a Bolsa Educação.

Confira os pontos abordados na reunião com o Bradesco:

Traje social
Sobre a obrigatoriedade do uso do traje social, a direção do Bradesco reafirmou que não é prática da empresa obrigar seu uso. Ficou acordado que, se algum gestor fizer a exigência, os bancários devem denunciar ao Sindicato, que encaminhará a reclamação ao RH do banco.

Uso da barba
O banco também disse não existir nenhum impedimento formal ao uso de barba, porém afirmou que se trata de uma “questão cultural”. Os Sindicatos orientam que, em caso de discriminação, os bancários façam a denúncia junto à entidade sindical, para que as medidas cabíveis sejam tomadas.

Empréstimo consignado
Os sindicalistas vêm cobrando do Bradesco diminuição das taxas do empréstimo consignado, uma vez que, com a mudança, os juros passaram de cerca de 1,54% para 2,99%. Os representantes dos trabalhadores lembraram que há, inclusive, linhas de crédito disponíveis aos clientes com taxas mais baixas. O banco se limitou a informar que os valores praticados já estão estabelecidos e que, caso queiram, os bancários podem incluir essa demanda entre as reivindicações da campanha salarial, para ser negociada em mesa.

Vigilantes
Sobre o trabalho extraordinário em agências, nos finais de semana, sem a presença de vigilantes e sem a comunicação prévia ao Sindicato, a direção do Bradesco se limitou a dizer que o processo de troca de ATMs está sendo finalizado e que as máquinas não contêm dinheiro no momento da troca. O Sindicato de Curitiba reafirmou a necessidade de ser comunicado, com 10 dias de antecedência, sobre o trabalho extraordinário e sobre a necessidade da presença de vigilantes para garantir a segurança durante este trabalho.

CCV
Os representantes do Bradesco informaram que não têm interesse na implementação de CCV (Comissão de Conciliação Voluntária) em nenhuma região do país.

Seguro de vida
Sobre o Seguro de vida vendido para funcionários e clientes do HSBC, com cobertura em caso de rescisão de contrato, o Bradesco afirmou que até a data da vigência das apólices fará as devidas coberturas. O banco ainda não sabe informar se continuará renovando a venda deste produto.

Bolsa educação
Atualmente, os funcionários do HSBC têm disponíveis 1.300 Bolsas de Estudo (uma para cada 16 empregados). Por isso, os dirigentes sindicais pleitearam não só a manutenção, mas a ampliação deste benefício para os empregados do Bradesco. O banco, contudo, explicou que têm incentivos a MBA, pós-graduação e formação continuada, mas não fará a manutenção das bolsas-educação. Os bancários que estiverem utilizando a benefício continuarão recebendo até o final do curso, mas não serão disponibilizadas novas bolsas.

Ambulatório
Mais uma vez, os dirigentes sindicais cobraram a manutenção dos ambulatórios nos Centros Administrativos. O Bradesco informou que esta não é uma prática comum, mas que está analisando o funcionamento dos ambulatórios e ainda não há definição sobre a continuidade ou não. Assim que for definido pelo banco, o Sindicato de Curitiba será informado.

Folga por tempo de serviço
Outra conquista dos bancários do HSBC é uma folga a cada cinco anos completos de trabalho, conforme estabelecido em normativos. A direção do banco se limitou a dizer que não manterá tal prática.

Normativos
Durante a reunião de mediação na Superintendência Regional do Emprego e Trabalho, o Sindicato de Curitiba havia cobrado acesso aos normativos internos tanto do HSBC quanto do Bradesco. Na reunião de quarta-feira (31/08), o banco informou que não apresentará os normativos e que todas as informações pertinentes aos funcionários constarão no kit boas-vindas.

CAT
O departamento jurídico do Bradesco fará a análise do conteúdo da determinação judicial que estabelece a emissão de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) e a suspensão de demissão em caso de suspeita de doença. Somente após essa análise, o banco informará se continuará ou não atendendo a determinação.

PLR
Segundo divulgado pelo banco, o HSBC Brasil registrou prejuízo de R$ 738,6 milhões no primeiro semestre deste ano. Apesar disso, os dirigentes sindicais solicitaram ao Bradesco que os funcionários oriundos do banco inglês também recebam um valor referente à PLR (Participação nos Lucros e Resultados), como forma de incentivar e não gerar diferenciação entre os trabalhadores.

PGBL
Também foi cobrada a manutenção da Previdência Complementar. O Bradesco informou que já possui seu programa próprio de previdência e que, em breve, os bancários serão informados sobre a possibilidade de sacar os valores do PGBL ou fazer a portabilidade. O banco também disse que não fará mais o aporte de 0,5% do salário de cada empregado.

Plano Saúde
Sobre o Plano de Saúde, o banco informou que todos os funcionários serão enquadrados no Saúde Bradesco. Os dirigentes da Fetec-CUT-PR ressaltaram as deficiências, sobretudo, na rede de credenciados do interior do Paraná. Segundo a direção do banco, tal informação está sendo analisada e a vigência dos atuais planos (Sulamérica e Unimed) será mantida até 7 de outubro, data que ocorrerá a virada da chave.

Já sobre a manutenção do Plano de Saúde após a aposentadoria, o Bradesco informou que, por se trará de um seguro saúde, o Saúde Bradesco só é possível para os bancários da ativa. O Sindicato reiterou que não está de acordo com a retirada de direitos dos funcionários e que tomará a medidas judiciais cabíveis para garantir todos os benefícios.

Acordos por área
Por fim, os dirigentes sindicais falaram sobre os acordos por área que regem jornadas especiais de finais de semana, descansos e demais especificidades dos setores do HSBC. O Bradesco disse que vai verificar todos os acordos e que, na data oportuna de renovação, será feito o debate e negociação com o Sindicato.

No encerramento, o banco se comprometeu ainda a realizar uma nova reunião em breve, informando sobre o funcionamento de todos os programas e benefícios aos dirigentes sindicais para que possam ajudar a sanar possíveis dúvidas dos bancários, quando receberem o kit do Bradesco.

Diante da reestruturação das diretorias e gerências regionais, o Sindicato de Curitiba também reafirmou que continuará monitorando os métodos de gestão adotados pelos novos gestores, sobretudo as formas de cobranças abusivas, a pressão pelo cumprimento de metas e a exposição de rankeamento. A entidade sindical também solicita aos bancários que estiverem sendo vítimas de algum tipo de violência organizacional que façam a denúncia imediata.

Por Renata Ortega/Sindicato de Curitiba