Categoria bancária adoece 150% vezes mais do que a população em geral

03 de março 2020
O dia 28 de fevereiro é dedicado à Prevenção das Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort). Ano após ano essa data tem um significado especial para a categoria bancária, uma das mais afetadas por estas doenças.
Elas acometem trabalhadores de vários países do mundo não só pelos avanços tecnológicos, mas também pela cobrança abusiva de metas e pressão sobre os trabalhadores por desempenho cada vez maior.
No Brasil, segundo dados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), os bancários adoecem 150% vezes mais do que a população em geral em relação às LER/DORT. Entre 2012 e 2017, um total de 24.514 de pessoas se afastaram-se por doenças relacionadas ao trabalho no setor financeiro. Destes, 12.678 afastaram-se por tendinites, bursites ou lesões no túnel do Carpo, consideradas LER/DORT, o que representa 51,71% do total.
Para Mauro Salles, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), o aumento do número de bancários afastados por benefícios previdenciários nos últimos anos, nada mais é que o resultado de uma política de recursos humanos mais agressiva nas instituições financeiras.
“As novas formas de controle visam motivar os trabalhadores para os lucros da empresa, seja através de incentivo financeiro, individualizando o salário, bem como transferindo para ele a gerência da rotina do seu dia-a-dia. No sentido de individualizar a remuneração, são concedidos prêmios por produtividade e, atrelados a eles, cobra-se o cumprimento de metas, e que, a cada dia, se tornam mais elevadas”, afirmou.
De acordo com Nota Técnica realizada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a incorporação de novas ferramentas de gestão, a forte pressão quanto ao tempo para atingirem seus resultados, o aumento do controle, o prolongamento da jornada e o aumento da competitividade trouxeram, por consequência, o maior adoecimento da categoria bancária.
“As doenças por transtornos mentais, como estresse, Síndrome do Pânico, esquizofrenia e depressão, dificilmente são relacionadas e reconhecidas como doenças do trabalho, mas como “corpo mole” daquelas pessoas acometidas por essas síndromes, preguiça, entre outros nomes pejorativos, o que por muitas vezes acaba em demissão do trabalhador”, afirma a Nota do Dieese.
Sobrecarga e redução de postos de trabalho
A redução nos postos de trabalho, aumento da carga horária e do volume de trabalho e a sobrecarga de trabalho também têm impacto direto nos números das LER/Dort entre os bancários e nos custos da doença para o INSS, com afastamentos, pensões e até mesmo aposentadorias.
Fonte: Contraf- CUT