Negociação com o Banco do Brasil não tem avanços nas cláusulas econômicas

03 de agosto 2018
A rodada de negociação entre a Comissão de Empresa e representantes da direção do Banco do Brasil, realizada nesta sexta-feira (3/08), não resultou em avanços em relação às cláusulas econômicas e, da mesma forma como agiram a Fenaban e a Caixa Econômica Federal, o banco se comprometeu em apresentar uma proposta global na rodada do dia 7 de agosto.
Os dirigentes sindicais cobraram não apenas um posicionamento a respeito das cláusulas econômicas, mas também para os temas debatidos nas rodadas anteriores, pois desde o início das negociações os negociadores do banco não trouxeram nada de concreto sobre a pauta de reivindicações específicas.
Descomissionamentos
A Comissão de Empresa levantou na mesa a insatisfação dos funcionários e funcionárias com a proposta feita pelo banco de redução dos ciclos avaliatórios de GDP para descomissionamento por desempenho. O banco quer reduzir dos atuais 3 ciclos para apenas 1 ciclo, ou seja, um semestre.
Foi afirmado que a repercussão da proposta foi extremamente negativa e ressaltado que há um grande temor e desespero dos funcionários, causado pelo próprio banco.
Chegaram aos Sindicatos relatos de reuniões entre gerentes e superintendes onde os diretores da DISUD e DIRED orientaram os gestores a encher a GDP dos funcionários com anotações para preparar o descomissionamento.
"Cobrança anota e elogio só fala"
O relato mais assustador repassado pelos gerentes gerais é que a DISUD tem orientado os gestores a anotar todas as cobranças e que os elogios sejam feitos apenas verbalmente, numa escancarada deturpação da GDP, como já foi criticado em matérias anteriores da Contraf-CUT.
Para Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, o que assusta os bancários e bancárias é que a cláusula do acordo que o banco quer alterar para pior, é justamente a proteção que os funcionários têm contra os maus gestores, os assediadores e contra os acertos de contas.
"O que queremos da GDP é que o banco cumpra o que ele mesmo escreve sobre gerenciamento de GDP, sobre avaliação dos pares e auto avaliação e sobre o desenvolvimento de competências. Estes conceitos deixaram de ser considerados há muito tempo", completou.
Intervalo de almoço, banco de horas e demais itens
Os dirigentes sindicais argumentaram ao banco as preocupações em relação à proposta de flexibilização do intervalo de almoço apresentada pelo BB na reunião anterior. Muitos funcionários estão temerosos de que a flexibilização faça com que em alguns locais de trabalho a redução ou ampliação seja colocada como obrigatória para a atender apenas a necessidade do serviço e não pela vontade dos funcionários.
Os representantes do BB apresentaram também uma proposta de banco de horas, ainda sem redação definitiva. Os funcionários argumentaram que o problema dos bancos de horas é justamente o não pagamento de horas extras e que isso pode ser um problema se houver redução de intervalo obrigatória.
A Comissão cobrou uma redação que contemple essa preocupação e o tema será debatido com todos os bancários, uma vez que foi também apresentado na mesa da Fenaban.
Os representantes dos funcionários reivindicaram do banco a realização de um censo da diversidade dentro do banco, com a construção feita em conjunto com os sindicatos, para que se tenha um mapa dos funcionários, no intuito de se produzir políticas afirmativas para o conjunto do corpo funcional do BB.
Campanha pelo NÃO na Cassi para a proposta do banco
Os integrantes da Comissão de Empresa informaram aos negociadores do BB que é lamentável a decisão do banco em atropelar o processo de negociação e tentar impor aos associados tantas mudanças no Estatuto que retiram direitos e aumentam as despesas dos funcionários.
Os representantes dos funcionários falaram que a proposta contém muitas mudanças no Estatuto e o atropelo do BB e a retirada de direitos faz com que os sindicatos já se posicionem contrários à proposta.
A Contraf-CUT apresentou ao banco propostas para a Cassi e o pedido de retomada das negociações que foram solenemente ignorados.
Os representantes dos funcionários lembram ao BB que nunca uma proposta de alteração teve tantos sindicatos, entidades associações de aposentados e conselhos de usuários fazendo campanha pelo não e que isso deve ser avaliado pelo banco.
Os sindicatos ainda informaram ao banco o perigo de uma proposta com risco atuarial apontado ainda no âmbito do Conselho da Cassi. Os cálculos da proposta são frágeis e pode acontecer o mesmo erro do acordo anterior, que era para durar até 2019 e o banco errou nas contas.
De acordo com o coordenador da Comissão de Empresa, "continuamos fazendo um apelo ao bom senso do BB quanto à votação de uma proposta ruim, com problemas de cálculos e muitas retiradas de direitos. Não podemos aceitar mudanças no Estatuto da Cassi que passam para o controle do banco o futuro dos associados, com redução de poderes para os funcionários e aposentados na governança. O que nos parece é que a equipe que cuidou da proposta apenas se preocupou em apresentar qualquer coisa para satisfazer uma meta e fez como as vendas casadas que são canceladas depois. É este o risco que corremos: destruir a Cassi pela arrogância do BB e chorar o prejuízo depois. Queremos negociação onde os associados sejam ouvidos", finalizou.
Fonte: Contraf-CUT