Cláusula sobre melhoria nas condições de trabalho é renovada com os bancos

04 de novembro 2016
A Campanha Nacional 2016 registra mais uma conquista, com a renovação da cláusula 57ª da CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) 2016/2018, celebrada entre a Fenaban e a Contraf-CUT.
A cláusula dispõe sobre o desenvolvimento de programas para a melhoria contínua das relações de trabalho nos bancos. Foi agendada para maio de 2017 uma negociação entre as partes para acompanhamento das iniciativas realizadas sobre o tema.
O processo negocial sobre as condições de trabalho e saúde foi marcado por intensos debates nas negociações deste ano referentes à imposição de metas abusivas e ao risco que representam para a saúde dos bancários e bancárias de todo o País.
As metas abusivas, associadas às práticas de assédio moral, à avaliação individual de desempenho, cobranças por resultado, excesso de tarefas, competição entre os trabalhadores por vendas, além de jornadas extenuantes de trabalho, levam, cada vez mais, os trabalhadores ao adoecimento e ao afastamento de suas atividades.
“O ritmo de trabalho nos bancos, aliado às pressões constantes, tornam o ambiente nocivo à saúde física e mental dos bancários e bancárias. Por isso, é importante que seja aberto o diálogo para superar esses problemas através desta cláusula, ampliando os debates que já vêm sendo feitos na Mesa Temática de Saúde”, salienta Kelly Menegon, secretária de Saúde do Sindicato de Londrina.
A cláusula 57ª da CCT, segundo explica Kelly, deve focar nos processos e organização do trabalho voltados para a questão das metas. “Após anos de intensas reivindicações, teremos a oportunidade de discutir com os bancos a definição das metas, a necessidade de que as regras levem em conta as especificidades de cada Região, o número de funcionários na unidade e até o tempo necessário para que exerçam suas atividades”, argumenta.
A exigência de produtividade, que não respeita o período de afastamento, é fator que tem gerado um grande estresse na categoria, sendo absolutamente abusiva, pois não respeita o direto ao repouso que o trabalhador necessita. A avaliação de desempenho que não considera o trabalho real, mas somente o resultado, somada às cobranças e monitoramentos excessivos, tem colocado a categoria bancária entre os seguimentos com maior incidência de adoecimento mental no país.
Política de melhoria constante das condições de trabalho Os princípios para a implementação desses programas pelos bancos já estão definidos pela cláusula 56ª da CCT – que trata da prevenção de conflitos no ambiente de trabalho – assinados com os bancos desde janeiro de 2011. Os princípios dos programas que os bancos devem seguir são: 1) Valorização de todos os empregados, promovendo o respeito a diversidade, à cooperação e ao trabalho em equipe; 2) Conscientização dos empregados sobre a necessidade de construção de um ambiente de trabalho saudável; 3) Promoção de valores éticos, morais e legais; e 4) Comprometimento dos bancos para que o monitoramento de resultados ocorra com equilíbrio, respeito e de forma positiva para prevenir conflitos nas relações de trabalho. |
“A deterioração dos ambientes de trabalho nos bancos tem sido a principal reclamação dos trabalhadores. Como consequências desse processo, temos as metas abusivas junto aos mecanismos de cobranças e as práticas de assédio moral, que são apontadas como as principais causas de adoecimento e afastamentos no ramo financeiro. Dessa forma, a luta na defesa da saúde das bancárias e dos bancários não pode parar um minuto sequer”, ressalta Walcir Previtale, secretário de Saúde da Contraf-CUT.
Walcir defende a importância da participação dos trabalhadores nas decisões sobre saúde, “cobraremos dos bancos a implementação de políticas que promovam a saúde, que caminhem no sentido da prevenção dos acidentes e adoecimentos relacionados ao trabalho e que democratizem as relações de trabalho proporcionando a participação ativa dos trabalhadores em tudo o que venha a se referir a sua própria saúde”, conclui.
Fonte: Contraf-CUT