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Para voltar a crescer, Brasil precisa de presidente comprometido com os mais pobres

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05 de setembro 2021

“Já demonstramos durante 13 anos que é possível ter um Brasil melhor e com menos desigualdade social. O que precisamos é de inspiração no que deu certo para voltar a sonhar com um país melhor para todos”. Com essa frase Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Dilma Rousseff abriu a quarta mesa, que teve como tema “Brasil sem Desigualdade”, na 23ª Conferência Nacional dos Bancários, na tarde de sábado (4/09).

Tereza Campello ainda criticou as pessoas que estão engajadas somente em lutar contra a fome, e não contra as desigualdades. “As pessoas tendem a naturalizar a desigualdade social, dizem que conseguiram algo por conta dos méritos próprios e julgam como preguiçoso aqueles que não conseguiram algo ou não evoluíram. Nós sabemos que não é bem assim que as coisas funcionam. Se não enfrentarmos as desigualdades estruturais, o Brasil nunca terá um crescimento sustentável, com inclusão e garantias para todos”, disse.

Campello ainda relembrou como era o Brasil na época dos governos Lula e Dilma, exemplificando como os brasileiros passaram a ter acesso a bens de consumo, alimentação e educação de qualidade. Entre os períodos de 2002 a 2015, a renda dos brasileiros cresceu 38%, enquanto que nos governos Temer e Bolsonaro, cresceu somente 5%.  “E ainda conseguiram, graças aos programas sociais, fazer crescer, na média nacional, em 84% a renda dos mais pobres e 23%, a dos mais ricos. Enquanto nos governos Temer e Bolsonaro os mais pobres perderam sua renda em pelo menos 10%, os ricos ficaram 7,7% mais ricos, aumentando a desigualdade social que estava sendo diminuída”.

A ex-ministra também fez comparação em relação à educação. “Antes de 2002, os jovens de baixa renda com idade entre 15 e 17 anos não conseguiam concluir os estudos. Na era Lula e Dilma, de 2002 a 2015, 40% dos jovens na mesma idade conseguiram concluir o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Já com Temer e Bolsonaro, esse número regrediu para 10% e a tendência é ser pior, devido à pandemia. E ela relembrou que se o estudante for negro, as condições são ainda mais difíceis e foram interrompidas a partir do golpe, em 2016”.

Acesso a água

Tereza Campello também comparou o acesso das famílias brasileiras a água encanada. Em 2002, a porcentagem saltou de 88,6% para 95,2%, no geral. Porém, entre os mais pobres, saltou de 49,6 % para 76%. Com Temer e Bolsonaro esse número reduziu drasticamente, e com a pandemia foi escancarado que 10 milhões de famílias não têm acesso nem para lavar a mão.

Bens de consumo

Um dos bens de consumo, relembrou Campello, que não estava presente na grande maioria dos lares brasileiros, a geladeira, foi que o item mais comprado na era Lula e Dilma. Segundo a ministra, no Brasil, a maioria dos lares (87,3%) possuíam geladeira e esse número subiu para 98,2%. O abismo entre as pessoas consideradas mais pobres foi quebrado quando os programas sociais permitiram que eles tivessem acesso ao produto mais barato e permitindo o poder de compra, saltando de 44,1% para 91,2% dos lares com geladeira.

“Não foi só o item mais barato. Houve também toda uma política social por trás, com o pagamento do Bolsa Família, aumento da renda com a geração de empregos, crescimento da renda com aumento no salário, energia elétrica nas residências e claro, redução de impostos na linha branca. E nada disso estamos vendo agora, infelizmente”, destacou.

Insegurança alimentar

Já em relação à fome, a ex-ministra lembrou que 35% das famílias viviam em insegura familiar e que após os governos Lula e Dilma esse número caiu para 30%, depois para 22,9% e parou com o golpe e voltou a crescer com o corte dos programas sociais e auxílios durante a pandemia, na era Bolsonaro, atingindo hoje o patamar de 55,2% de famílias que não tem o que comer. “É muito triste ver que o País que saiu do Mapa da Fome e foi referência em várias áreas tenha regredido e chegado no ponto que está. Mostramos que em 13 anos conseguimos reverter a realidade e demos demonstração do que é possível fazer e nós queremos esse País de volta com direitos iguais para todos”, finalizou Campello.

Tributação dos mais ricos

A mesa também contou com a participação de Maria Regina Paiva Duarte, presidente do Instituto Justiça Fiscal, que destacou que o problema do Brasil é a concentração de renda, o favorecimento aos ricos e a falha no sistema tributário que faz o pobre pagar mais em relação ao rico.

Ela ainda disse que mesmo com a crise causada pela pandemia do novo coronavírus, o Brasil registrou o aumento de 11 bilionários a mais em 2020, segundo a revista Forbes, e que esses 65 novos bilionários têm renda mensal, em média, de R$ 135 mil reais. Em contrapartida, o Brasil, sem política pública registra 14 milhões de desempregados e se somados com os desalentados, chega a 20 milhões de pessoas. “A única saída é mudar a tributação no País é fazer o rico pagar mais e o pobre pagar menos. É preciso redistribuir essa tributação, tirar do rico e entregar para o mais pobre. Além disso, rever a tributação em cima de heranças e patrimônios e tirando das costas do trabalhador e da população em geral a carga de impostos mais altos”, disse.

Ela comentou também que vivemos um momento em que o País é um paraíso para os ricos e inferno para o trabalhador. E se analisar o sistema financeiro a realidade se torna ainda pior. “O lucro dos bancos cresceu absurdamente em 2020. Os cinco maiores bancos no País lucraram R$ 136 milhões com tarifas e serviços e pagam pouco imposto, enquanto o peso da carga tributária é jogado nas costas do trabalhador. A desigualdade social não pode ser naturalizada, o imposto preciso ser revisto urgente e seguir modelos que deram certo no exterior para aplicar no Brasil”, finalizou Maria Regina.

Fonte: Contraf-CUT