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Novo presidente quer privatizar ativos do banco público

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08 de janeiro 2019

O economista Rubem Novaes assumiu a Presidência do Banco do Brasil na segunda-feira (7/01), indicado pelo ministro da Economia de do governo Jair Bolsonaro (PSL), Paulo Guedes, seu colega na Universidade de Chicago, centro propagador do neoliberalismo.

Na cerimônia também foram empossados Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, que ficará no comando do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e Pedro Guimarães, que presidirá a Caixa Econômica Federal.

Rubem de Freitas Novaes foi diretor do BNDES, presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas). 

O economista, que foi denunciado em 1999 por repassar informações ao mercado financeiro no caso do Banco Marka, já fazia parte da equipe de consultores da campanha de Bolsonaro, sendo responsável pelo programa de privatização. Ele foi absolvido da acusação envolvendo o Marka.

Privatização e encolhimento

Em sua declaração, Novaes reforçou sua intenção de privatizar ativos do banco, ameaça que vinha sendo feita durante a campanha de Bolsonaro e que pode ser tornar realidade.

Ivaí Lopes Barroso, diretor do Sindicato de Cornélio Procópio e representante do Vida Bancária na Comissão de Empresa dos funcionários do Banco do Brasil, afirma que com a nomeação do economista foi quebrado o ciclo iniciado em 2003 de indicações de funcionários de carreira para a Presidência da instituição.

“Isso é sinal de retrocesso e, com certeza, levará o banco e o funcionalismo a viver momentos de terror, como os ocorridos na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com perseguições, corte de pessoal e desvio do papel para o qual o BB foi criado”, avalia.

Durante o governo FHC (1995-2002), o número de bancários caiu de 120 mil para 78 mil. Só nos governos Lula e Dilma o quadro aumentou novamente e chegou a 120 mil funcionários. “Com isto, o banco ganhou capilaridade para atuar em todas as regiões do País, atuando na área do varejo e gerando desenvolvimento na economia”. 

Infelizmente, segundo Ivaí, essa política neoliberal foi retomada a partir de 2016, quando Michel Temer (MDB) assumiu o comando do Brasil. A partir dali, o banco público cortou 10 mil vagas, por meio de dois planos de demissão voluntária e de um programa de aposentadoria incentivada, e encerrou as atividades de 670 unidades bancárias.

Fundamental para a sociedade

Em um exemplo nítido da importância dos bancos públicos e da ação do Estado na Economia, o Banco do Brasil é responsável por financiar a agricultura familiar por meio do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que responde por 70% da produção de alimento consumido pelos brasileiros, a juros que variam entre 2,5% e 5,5% ao ano.

Sem essa taxa mais baixa, os agricultores teriam de tomar empréstimos nos bancos privados, que cobram até 70% de juros ao ano, o que, invariavelmente, iria encarecer o custo dos alimentos consumidos pelos brasileiros.

Mas Novaes já demonstrou seu desprezo pela atuação da atuação do Estado na Economia. Após a cerimônia de posse, o novo presidente do BB afirmou que a orientação de governo é reduzir o subsídio no crédito rural.

“Você tem a posição hoje do BC e da Fazenda, de que deve dar menos apoio, menos subsídio ao juro, e dar mais apoio ao seguro agrícola. É uma tendência nova que talvez venha de cima para baixo no banco, como orientação de governo”, declarou Novaes, segundo a Folha de S. Paulo.

Em artigo de 2015, publicado no jornal Estado de S. Paulo e no site do Instituto Millenium, o economista escreveu que “poucos se dão conta de que a intervenção estatal pode estar criando mais problemas que os que pretende resolver”.

“O momento agora é de incertezas em relação às medidas que virão, trazendo insegurança aos funcionários e funcionárias, bem como àqueles que têm o BB como apoio aos seus negócios. Nós, do movimento sindical, estaremos atentos à nova gestão e agiremos sempre que for necessário para garantir a manutenção dos direitos, empregos e, principalmente, defender o papel dos bancos públicos”, assegura o diretor do Sindicato de Cornélio Procópio.

Fonte: Spbancarios