Audiência Pública na Alep discute situação do HSBC e futuro dos empregos

08 de junho 2015
Foi realizada na última quarta-feira (3/06), no plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), uma Audiência Pública para debater os rumos da venda do HSBC e os impactos que isso trará aos bancários e aos trabalhadores do entorno das agências bancárias e centros administrativos. O debate teve a presença de diversas pessoas e representantes sindicais de outros Estados.
De acordo com o deputado estadual Tadeu Veneri (PT), que presidiu a sessão, a saída da sede do HSBC é um motivo de grande preocupação para todos. “A sociedade paranaense está apreensiva com essa venda, uma vez que a possibilidade de haver muitas demissões é grande”, revelou.
O parlamentar diz que o objetivo principal dos trabalhos que vêm sendo feitos pelo movimento sindical é o de garantir os empregos dos funcionários e que é preciso mobilizar mais a coletividade. “Nosso foco é que o trabalhador não seja prejudicado com essa mudança de comando. Mas, é preciso que haja mais envolvimento, pois estamos falando de quase 8 mil empregos somente em Curitiba. É preciso, por exemplo, que o Governo do Estado participe desta luta, porque, até o momento, não se manifestou”, comentou.
Encaminhamentos
– Criação de um Fórum paranaense em defesa do emprego;
– Estados realizarem o mesmo debate ampliando apoio da sociedade e parlamentar;
– Acompanhamento da CPI e seus desdobramentos;
– Promover debate acerca da federalização do HSBC;
– Demais entidades protocolar pedido de intervenção ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) enquanto terceiro interessado;
– Campanha: Seja qual for a solução dada, a sede do banco não pode ser mudada.
“Queima de arquivo”
O presidente da Fetec-CUT-PR, Junior Cesar Dias, mostrou muita indignação com a situação atual do HSBC no Brasil. “Não posso concordar com a maneira sorrateira com que o HSBC vem tentando deixar o país. Parece aqueles casos típicos de ‘queima de arquivo’. Não podemos, de forma alguma, aceitar estas circunstâncias”, reclamou.
Dias lembrou ainda que o banco deveria tratar este assunto com mais seriedade e que muitas pessoas serão prejudicadas. “A administração do HSBC não conversa com a gente de forma séria e parece fazer pouco caso das medidas sociais. Estamos falando de mais de 21 mil famílias, que serão afetadas pela venda do banco. Esta questão deixou de ser ligada apenas aos movimentos sindicais. Ela agora é um assunto para toda a sociedade debater”, desabafou o presidente da Fetec-CUT/PR.
Impacto na economia de Curitiba
A cidade de Curitiba será bem afetada com a saída da sede do HSBC. Além de receber do banco inglês cerca de R$ 80 milhões por ano de ISS (Impostos Sobre Serviços), o resultado de uma demissão em massa vai ter um impacto com a questão do Seguro-desemprego. A vice-prefeita da capital e secretária do trabalho, Miriam Gonçalves, afirmou que a sociedade curitibana vai sofrer um duro golpe. “Estou preocupada com a economia da cidade e com o grande número de pessoas que podem ficar sem emprego caso algum banco já estabelecido no Brasil adquira o HSBC. Acredito que o Cade, o Ministério da Fazenda, e o Ministério do Trabalho deveriam intervir nesta história. Seria mais interessante para Curitiba se o comprador fosse um banco estrangeiro”, opinou.
Cobrança
Para a coordenadora nacional da COE (Comissão de Organização dos Empregados) do HSBC, Cristiane Zacarias, é preciso refletir sobre as responsabilidades sociais envolvidas neste processo de venda das operações do grupo inglês. “Não podemos falar apenas nos trabalhadores diretos que serão afetados, mas, também, nos indiretos. Temos que atender essa questão social. Devemos nos unir para impedir que seja feita uma negociação que prejudique a todos”, avaliou.
A coordenadora também foi enfática ao cobrar que o HSBC seja investigado. “Se um banco orienta os seus clientes a burlar o imposto de renda, imagina então o que faz por si? Eles precisam responder por atividades ilícitas que estejam envolvidos. Nós temos que ir além da questão de empregos e verbas para Curitiba. Não podemos aceitar que vão embora e fique por isso mesmo. Tem muita história do banco que precisa ser investigada”, disparou.
Banestado como exemplo
O vice-presidente CUT-PR, Marcio Killer, disse temer que a saída do HSBC cause um impacto semelhante ao do Banestado. “Muita gente sofreu após o fechamento do Conglomerado Banestado. Isso gerou um enorme impacto na região em que estava instalado. Felizmente, contamos com o apoio do movimento sindical do Brasil, que está na luta pelos trabalhadores diretos e indiretos do HSBC”, comentou.
Por Flávio Augusto Laginski/Sindicato de Curitiba