Inflação dispara em março e já é a mais alta desde a criação do Real há 28 anos

09 de abril 2022
Puxada pelo item transportes, com aumentos dos preços dos combustíveis, da alimentação e bebidas, por causa do tomate e da cenoura, entre outros, a inflação oficial do País, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), disparou neste mês de março de 2022.
O índice chegou a 1,62% e é o maior do mês desde a implantação da moeda do Real, há 28 anos, em 1994, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando o índice foi de 42,75%. No ano passado a variação mensal de março foi 0,93%.
Já sob o governo de Jair Bolsonaro (PL), o IPCA, somente neste ano, acumula alta de 3,20% e, nos últimos 12 meses (março de 2021 a março de 2022), de 11,30%, acima dos 10,54% do mesmo período imediatamente anterior (março de 2020 a março de 2021) – aumento de 0,76%.
Tabela 1
Período |
Taxa |
Março de 2022 |
1,62% |
Fevereiro de 2022 |
1,01% |
Março de 2021 |
0,93% |
Acumulado no ano |
3,20% |
Acumulado nos últimos 12 meses |
11,30% |
O que mais subiu de preço
O IPCA, calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em março.
A maior variação (3,02%) e o maior impacto (0,65 %) vieram dos Transportes, que aceleraram na comparação com o resultado de fevereiro (0,46%), principalmente, pela alta nos preços dos combustíveis (6,70%), em particular, o da gasolina (6,95%), preços do gás veicular (5,29%), do etanol (3,02%) e do óleo diesel (13,65%).
Na sequência, veio o grupo Alimentação e bebidas, com alta de 2,42% e 0,51% de impacto. Juntos, os dois grupos contribuíram com cerca de 72% do IPCA de março.
A alta nesse grupo decorre, principalmente, dos preços dos alimentos para consumo no domicílio (3,09%). A maior contribuição (0,08 %) veio do tomate, cujos preços subiram 27,22% em março. Além disso, foram registradas altas em diversos produtos, como a cenoura (31,47%), que acumula alta de 166,17% em 12 meses, o leite longa vida (9,34%), o óleo de soja (8,99%), as frutas (6,39%) e o pão francês (2,97%).
Na alimentação fora do domicílio, em restaurantes, que havia ficado próxima da estabilidade em fevereiro (0,02%), registrou alta de 0,60% em março. Já o lanche teve alta de 0,76%, frente ao 0,85% observado no mês anterior.
Além deles, houve aceleração também nos grupos Vestuário (1,82%), Habitação (1,15%) e Saúde e cuidados pessoais (0,88%). O único com queda foi Comunicação, com -0,05%. Os demais ficaram entre o 0,15% de Educação e o 0,59% de Despesas pessoais.
Grupo |
Variação (%) |
Impacto (p.p.) |
||
Fevereiro |
Março |
Fevereiro |
Março |
|
Índice Geral |
1,01 |
1,62 |
1,01 |
1,62 |
Alimentação e Bebidas |
1,28 |
2,42 |
0,27 |
0,51 |
Habitação |
0,54 |
1,15 |
0,09 |
0,18 |
Artigos de Residência |
1,76 |
0,57 |
0,07 |
0,02 |
Vestuário |
0,88 |
1,82 |
0,04 |
0,08 |
Transportes |
0,46 |
3,02 |
0,10 |
0,65 |
Saúde e Cuidados pessoais |
0,47 |
0,88 |
0,06 |
0,11 |
Despesas Pessoais |
0,64 |
0,59 |
0,06 |
0,06 |
Educação |
5,61 |
0,15 |
0,31 |
0,01 |
Comunicação |
0,29 |
-0,05 |
0,01 |
0,00 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços |
Confira o IPCA pelo Brasil entre fevereiro e março e a variação dos últimos 12 meses
Região |
Peso Regional (%) |
Variação (%) |
Variação |
||
Fevereiro |
Março |
Ano |
12 meses |
||
Curitiba |
8,09 |
1,28 |
2,40 |
4,20 |
14,37 |
Goiânia |
4,17 |
0,91 |
2,10 |
3,79 |
12,18 |
São Luís |
1,62 |
1,33 |
2,06 |
3,98 |
12,22 |
Campo Grande |
1,57 |
1,06 |
1,73 |
3,44 |
12,02 |
Fortaleza |
3,23 |
0,77 |
1,69 |
3,21 |
11,31 |
Rio de Janeiro |
9,43 |
1,32 |
1,67 |
3,64 |
11,03 |
Porto Alegre |
8,61 |
0,43 |
1,61 |
1,50 |
10,38 |
Recife |
3,92 |
0,97 |
1,53 |
2,94 |
11,53 |
Salvador |
5,99 |
0,83 |
1,53 |
3,26 |
12,13 |
Vitória |
1,86 |
0,86 |
1,50 |
2,96 |
11,94 |
Belém |
3,94 |
0,97 |
1,47 |
3,12 |
9,10 |
São Paulo |
32,28 |
1,05 |
1,46 |
3,17 |
11,04 |
Belo Horizonte |
9,69 |
1,07 |
1,44 |
3,35 |
10,75 |
Aracaju |
1,03 |
1,26 |
1,43 |
3,64 |
11,31 |
Brasília |
4,06 |
0,93 |
1,41 |
2,86 |
9,53 |
Rio Branco |
0,51 |
0,93 |
1,35 |
3,18 |
12,19 |
Brasil |
100,00 |
1,01 |
1,62 |
3,20 |
11,30 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços |
INPC teve alta de 1,71% em março
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 1,71% em março, acima do resultado do mês anterior (1,00%). Essa é a maior variação para um mês de março desde 1994, quando o índice foi de 43,08%, no período que antecedeu a implementação do Real. O INPC acumula alta de 3,42% no ano e 11,73% nos últimos 12 meses, acima dos 10,80% observados no período anterior. Em março de 2021, a taxa foi de 0,86%.
Os produtos alimentícios passaram de 1,25% em fevereiro para 2,39% em março. Os não alimentícios também aceleraram e registraram 1,50%, frente à variação de 0,92% do mês anterior.
Confira o INPC nas capitais
Região |
Peso |
Variação (%) |
Variação |
||
Fevereiro |
Março |
Ano |
12 meses |
||
Curitiba |
7,37 |
1,12 |
2,54 |
4,18 |
14,55 |
Goiânia |
4,43 |
0,99 |
2,13 |
3,98 |
12,29 |
São Luís |
3,47 |
1,35 |
2,05 |
3,93 |
11,78 |
Campo Grande |
1,73 |
1,12 |
1,85 |
3,73 |
12,28 |
Rio de Janeiro |
9,38 |
1,28 |
1,77 |
3,65 |
11,46 |
Porto Alegre |
7,15 |
0,40 |
1,71 |
1,58 |
10,66 |
Fortaleza |
5,16 |
0,81 |
1,67 |
3,20 |
11,53 |
Salvador |
7,92 |
0,87 |
1,66 |
3,49 |
12,80 |
Recife |
5,60 |
1,07 |
1,64 |
3,22 |
11,55 |
São Paulo |
24,60 |
1,05 |
1,58 |
3,55 |
12,13 |
Vitória |
1,91 |
0,84 |
1,56 |
2,98 |
12,25 |
Rio Branco |
0,72 |
0,92 |
1,55 |
3,28 |
11,77 |
Aracaju |
1,29 |
1,28 |
1,49 |
3,78 |
11,33 |
Belo Horizonte |
10,35 |
1,10 |
1,49 |
3,56 |
11,08 |
Brasília |
1,97 |
0,96 |
1,46 |
3,11 |
10,26 |
Belém |
6,95 |
0,87 |
1,44 |
3,22 |
8,88 |
Brasil |
100,00 |
1,00 |
1,71 |
3,42 |
11,73 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços |
O INPC se refere às famílias com rendimento de um salário mínimo (R$ 1.212) a cinco (R$ 6.060), sendo o chefe assalariado, e abrange 10 regiões metropolitanas do País, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.
Confira aqui a integra da pesquisa do IBGE
Leia mais: Cesta básica aumenta em 17 capitais e compromete de 58% a 65% do salário mínimo
Fonte: CUT Nacional