Plenária sindical debate futuro dos direitos da Classe Trabalhadora

09 de agosto 2016
Dirigentes sindicais de diversas regiões do Paraná participaram ontem (8/08), em Curitiba, da Plenária Sindical promovida pela CUT Paraná no Espaço Cultural dos Bancários. Na pauta o golpe em curso e suas consequências, sobretudo no que diz respeito aos direitos sociais que estão na mira dos grupos que tomaram o poder do Brasil.
A presidenta do Sindicato de Londrina, Regiane Portieri, e o secretário de Assuntos Jurídicos, Wanderley Crivellari, participaram da Plenária.
Para Regiane, a categoria bancária, bem como o conjunto da Classe Trabalhadora não podem se calar diante das políticas de retrocesso que estão pautadas. “Este é um momento importante para os Sindicatos cutistas do Paraná se manterem organizados em defesa dos direitos da Classe Trabalhadora”, avaliou.
Este é o mesmo entendimento de Regina Cruz, presidenta da CUT Paraná. “Precisamos fortalecer nossa unidade para enfrentar esse momento complicado. Os projetos de lei estão sendo colocados na pauta do Congresso Nacional e não há visibilidade necessária para as suas consequências. Por isso precisamos nos articular para resistir ao golpe e aos ataques aos nossos direitos”, afirmou.
O secretário-geral da CUT Paraná, Márcio Kieller, alertou para o retrocesso que significará para o Brasil a consumação do golpe. Tanto no aspecto do desenvolvimento nacional quanto na manutenção de direitos sociais. “Em 1964, até o golpe, a expectativa do desenvolvimentismo, era de que durasse mais de 30 anos se não fosse interrompido pelo golpe”, comparou. Para ele, é preciso organização para o crescimento dessa luta de classes. “O problema hoje é que eles dividem aeroportos, shoppings, colocam os filhos na mesma escola que nós. Por isso é um golpe de classe”, completou.
O secretário nacional de comunicação da CUT, Roni Barbosa, fez análise de conjuntura. Na visão do dirigente, o cenário é extremamente temerário para os trabalhadores e trabalhadoras. A rejeição da população ao governo golpista, segundo ele, não será um obstáculo para o pacote de maldades que está sendo preparado.
“São vários temas em debate na conjuntura nacional e eles não tem o apoio da população. Eles têm, sim, o apoio incondicional no Congresso Nacional, mas não o apoio da população”, argumentou. A luta, segundo ele, é para manutenção de direitos e pela resistência ao golpe. “Esses projetos de lei (que tramitam no Congresso Nacional) retirarão direitos conquistado não ao longo dos últimos 13 anos, mas consolidados há mais de 80 anos no Brasil”, completou.
Barbosa recordou da declaração do presidente da Confederação Nacional da Industria (CNI), Robson Braga, que defendeu a jornada de trabalho de 80 horas semanais. “Estão tão à vontade que desejam que o Brasil volte ao tempo da senzala. É isso que está colocado”, sentenciou.
O negociado sob legislado, os projetos de lei que atacam os serviços públicos e a reforma da previdência também foram alvo de análises por parte do dirigente. “O Temer chegou a falar em 70 anos para aposentadoria. Inicialmente disseram seria para as próximas gerações mas agora já apresentaram proposta que afetará quem tem menos de 50 anos. Imagine que pessoas que aguardavam menos de 10 anos para a aposentadoria neste cenário precisarão trabalhar mais 25 anos”, exemplificou. Neste caso, há ainda, o agravante da proposta de desvincular o salário mínimo da previdência social, o que criaria uma massa de aposentados com dificuldades de sobrevivência ao longo dos próximos anos.
Petrobrás
Outro alvo dos golpistas, segundo Barbosa, é a Petrobrás. “O maior escândalo (por enquanto) está na venda do campo de Carcará que terá valor de R$ 8,5 bilhões. O valor é grande, não? Mas ele vale R$ 33 bilhões somente com o petróleo que já foi provado estar lá. Só neste campo o prejuízo é muito maior do que toda a lava-jato e eles não estão nem aí para isso”, acusou Barbosa.
Na agenda de votações do Congresso Nacional está o projeto de lei que pretende retirar da estatal o status de operadora única do pré-sal. “O que está por trás disso? A empresa deixará de exercer sua preferência para as multinacionais entrarem no jogo”, explicou o secretário de comunicação da CUT Nacional que também é petroleiro. O resultado, além dos prejuízos para a estatal, será retrocesso nos direitos sociais. Isso porque há uma vinculação entre os recursos do pré-sal e a educação e saúde pública.
Comunicação
Barbosa também destacou a importância de ações articuladas na comunicação. Sempre que isso ocorre nas redes, segundo ele, é possível furar o bloqueio midiático e pautar o debate. Contudo, apesar o crescimento do uso da Internet e de aparelhos móveis, o debate ainda precisa avançar. Sobretudo para setores que não usam frequentemente a internet.
“Não é à toa que jornais estão fechando. Mas precisamos investir mais. Estamos organizando a comunicação por meio de nossas redes, principalmente a partir das CUT’s estaduais, confederações e sindicatos. Estamos organizando a produção de um programa de rádio nacional” prometeu.
Esta articulação, segundo o dirigente, foi o que impediu um avanço mais rápido do golpe. “Se não fosse a nossa comunicação o golpe teria acontecido de forma muito mais rápida, não teríamos feito essa resistência. Mas ela precisa ser ampliada daqui para a frente”, projetou.
Projeto nacional, projeto das metrópoles
Em meio a discussão do golpe da ameaça aos direitos sociais, também estão as eleições municipais deste ano. Estabelecer um diálogo com a classe trabalhadora é fundamental para reforçar a narrativa da importância da manutenção de direitos.
O pré-candidato a vice-prefeito de Curitiba, o advogado Nasser Allan, participou da Plenária e reforçou essa ideia. “É fundamental neste momento que vivemos utilizar as candidaturas do campo progressista para fazer a resistência à retirada de direitos e ao golpe. É nossa obrigação fazer uma discussão política mais ampla. Temos as questões municipais, que são importantes, mas há a conjuntura nacional”, alertou.
Para ele, o processo eleitoral não pode ser pensado apenas como um processo fim, mas também meio, neste caso para discussão de projetos de sociedade. “Nossas candidaturas devem ser utilizadas como mecanismo de resistência contra a retirada de direitos sociais e também ao golpe. Isso é fundamental”, comentou. Nasser ainda reforçou que a sua candidatura como vice-prefeito e de Tadeu Veneri na cabeça de chapa tem origem no sindicalismo, uma vez que Veneri foi diretor do sindicato dos bancários de Curitiba e Região e ele próprio há muito advoga para entidades de defesa da classe trabalhadora.
Fonte: CUT/PR