OIT cobra respeito do governo brasileiro aos acordos internacionais

10 de julho 2017
Em reposta ao documento protocolado por Centrais Sindicais brasileiras no último dia 26 de junho, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) afirmou que o governo do Brasil precisa respeitar os acordos que assinou se comprometendo a seguir normas que regulamentam as relações de trabalho em todo o mundo.
Neste sentido, a entidade condena a reforma trabalhista proposta pelo governo Michel Temer (PMDB) por ir contra as Convenções de número 98 (negociação coletiva), 151 (negociação coletiva para servidores públicos), 154 (promoção da negociação coletiva) e 155 (segurança e saúde dos trabalhadores).
Este posicionamento da OIT foi assinado pela diretora do Departamento de Normas Internacionais do Trabalho, Corinne Vargha. Para ela, a adoção de um projeto de lei que reforma a legislação trabalhista deveria ser precedida por consultas detalhadas por interlocutores sociais do país e não tramitar a toque de caixa, como está ocorrendo agora no Congresso Nacional para satisfazer aos interesses de grandes grupos econômicos e de uma mídia atrelada ao capital.
Ainda conforme a entidade internacional, nas Convenções 154 e 155, “as medidas adotadas por autoridades públicas para estimular e fomentar o desenvolvimento da negociação coletiva devem ser objeto de consultas prévias e quando possível, de acordos entre as autoridades públicas e as organizações de empregadores e trabalhadores”. Não é o que está previsto na matéria que será votada amanhã (11) pelos senadores, uma vez que em nenhum momento os trabalhadores foram previamente consultados.
O documento também destaca que "os estados membros têm a obrigação de garantir, tanto na lei como na prática, a aplicação efetiva dos convênios ratificados, motivo pelo qual não se pode validamente rebaixar por meio de acordos coletivos ou individuais a proteção estabelecida nas normas da OIT ratificados e em vigor em um determinado país”.
Segundo destacou o secretário de relações Internacionais da CUT Antônio Lisboa, para a OIT os convênios são o piso sobre o qual se constrói mais proteção para os trabalhadores. “Uma vez que o PLC 38/2017 não respeita as Convenções da OIT, ele permite que se negocie coletivamente e individualmente a aplicação dessas normas, o que fere a obrigação internacional do Brasil de cumprir e garantir os acordos ratificados”, concluiu o dirigente.
Para a secretaria nacional de Relações de Trabalho da CUT, Graça Costa, essa resposta confirma a necessidade de barrar essa matéria para que se cumpram os compromissos internacionais. "Essa proposta vai contra as normas estabelecidas de proteção a classe trabalhadora".
Ainda conforme o Comitê de Peritos da OIT afirmou recentemente, “o objetivo geral das Convenções 98, 151 e 154 é a promoção da negociação coletiva para encontrar um acordo sobre condições de trabalho que sejam mais favoráveis que os já previstos na legislação”.
O documento, assinado por representantes da CUT, CTB, UGT, Força Sindical, Nova Central e CSB, foi apresentado pela delegação representante dos trabalhadores na 106ª Conferência Internacional do Trabalho, realizada na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Genebra, na Suíça.
Clique aqui para ver o documento da OIT na íntegra.
Fonte: CUT