Com avanço da Ômicron, faltam trabalhadores em todos setores da economia no Brasil

11 de janeiro 2022
A explosão de casos positivos de Covid-19 e do vírus H3N2, da gripe Influenza, está levando empresas a reverem o retorno ao trabalho presencial, empresários a pedirem até redução dos horários de funcionamento dos shoppings, causando cancelamentos de vôos e problemas em hospitais, bares e restaurantes.
No domingo (9/01), apesar das falhas no sistema do Ministério da Saúde, em 24 horas o Brasil totalizou 23.504 mil novos casos de Covid-19. A média móvel de casos no País chegou a 33.146, a maior registrada desde 23 de setembro do ano passado - quando esse índice chegou a 34.366
Desde o começo da pandemia, 620.031 pessoas morreram em razão de complicações geradas pela Covid-19 e outras 22.522.310 receberam diagnóstico positivo da doença
Desde dezembro, o número de casos de gripe provocados pelo vírus H3N2 vem atingindo números alarmantes e contribuindo para a superlotação de postos de saúde e hospitais.
Trabalho presencial afetado
Empresas de vários portes estão revendo os planos de retorno ao trabalho presencial. A lista inclui empresas de tecnologia, indústrias e até o setor público, dominado pelo negacionismo presidencial.
A Eletrobras, segundo o Estadão, anunciou na quinta-feira o retorno de todos os seus funcionários ao trabalho à distância após uma onda de infecções por Covid-19 entre os servidores. Segundo o Ministério de Minas e Energia, 36 trabalhadores da Eletrobras morreram de Covid desde 2020.
Empresários querem reduzir horário de atendimento em shoppings
A Ablos (Associação Brasileira dos Lojistas Satélites), que reúne redes de lojas como TNG, Gregory, Any Any, Morana e Khelf, vai pedir aos gestores dos shoppings para que reduzam os horários de abertura por algumas semanas.
O tempo menor de funcionamento, segundo afirmou ao Painel S/A, da Folha de S. Paulo o presidente da entidade, Mauro Francis, ajudaria os varejistas a lidar com o problema da falta de funcionários que receberam dispensa médica após contrair Covid ou gripe nos últimos dias. A proposta que tem sido discutida pelos lojistas seria a de encurtar o atendimento para apenas um turno neste momento de crise mais aguda do contágio.
Para Francis, a medida também seria oportuna porque permitiria redução nos custos neste momento em que o fluxo de clientes também está mais baixo. Ele afirma que não pretende pedir abatimento no aluguel.
Companhias aéreas cancelam vôos e contratam temporários
A Latam anunciou, no domingo (9), que cancelou cerca de 1% de seus voos domésticos e internacionais - 47 até o momento - programados para o mês de janeiro. A causa é o aumento de casos de Covid-19 e de influenza por todo o País que está afetando pilotos e comissários.
Segundo comunicado, os clientes que tiveram o voo alterado podem remarcar a viagem sem multa e diferença tarifária ou solicitar o reembolso da passagem, também sem multa.
Já os passageiros que forem diagnosticados com Covid-19 podem remarcar o voo sem multa, mas pagará a diferença tarifária, caso haja. O cliente poderá viajar a partir de 14 dias após o diagnóstico da doença ou certificando que não está mais na fase de contágio.
A Azul Linhas Aéreas, que já havia anunciado que o percentual de voos cancelados dobrou desde quinta (6), disse por meio de nota na sexta que 10% do total de voos foram atingidos, o que equivale a 90 voos diários. A empresa decidiu contratar trabalhadores temporários para tentar manter alguns voos.
Bares e restaurantes
Desde dezembro, bares e restaurantes de todo o País estão afastando em torno de 20% dos funcionários, toda semana, por suspeita de gripe ou Covid-19.
A informação é do presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci. Ele afirmou ao Painel S/A que a situação é pior nos grandes centros e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Pará.
A recomendação da Abrasel é para que o trabalhador que tenha qualquer sintoma de gripe ou resfriado não vá trabalhar. Nesse caso, diz Solmucci, os estabelecimentos precisam contratar funcionários temporários para se manter funcionando. Como o INSS não cobre afastamentos de poucos dias, como os geralmente associados à Covid-19 ou à gripe, o custo extra acaba ficando para os bares e restaurantes.
Profissionais de saúde contaminados
O presidente do Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo), James Santos, afirma que os hospitais deveriam aumentar as contratações para repor cortes de pessoal realizados no ano passado quando as estatísticas da pandemia melhoraram, antes da nova sobrecarga. Com o aumento de casos de Covid-19 entre os profissionais de saúde, os trabalhadores e trabalhadoras estão exaustos.
Mas, ao invés de contratar mais trabalhadores, os donos de hospitais particulares querem reduzir o tempo de isolamento.
A Anahp (que reúne os grandes hospitais da rede particular) decidiu pedir ao Ministério da Saúde uma redução no tempo de isolamento dos profissionais afastados, mas o presidente do Coren-SP afirma que a medida não soluciona o problema da falta de mão de obra. "Não vai melhorar em nada o atendimento à população e, muito menos, a condição de trabalho dos profissionais. Pelo contrário, vai prejudicar. Vai ter um profissional ainda em período de convalescença, com risco aumentado à sua saúde, voltando mais cedo ao trabalho e com o aumento da demanda", diz Santos.
A entidade diz que vai enviar nota ao Ministério da Saúde para contestar a iniciativa da Anahp.
Fonte: CUT Nacional, com edição de Marize Muniz