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Grandes bancos dominam finanças do planeta

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12 de abril 2016

Matéria divulgada pelo site BBC Brasil, baseada no livro “A Hidra Mundial, o Oligopólio Bancário”, do professor emérito da Universidade de Toulouse e membro do conselho do Banco Central francês, François Morin, revela como as 28 maiores instituições financeiras dominam o planeta.

Segundo o autor, "os Estados são reféns desta hidra bancária e são disciplinados por ela. A crise prova esse poder".

Em seu livro, ele estes bancos detinham os “produtos tóxicos” responsáveis pela crise financeira internacional de 2008, mas ao invés de reestruturá-los os Estados acabaram assumindo essa obrigação e, assim, a dívida privada acabou se tornando em dívida pública.

A matéria do jornalista Marcelo Justo informa que 28 bancos detêm recursos superiores aos de dívidas públicas de 200 países do planeta. Enquanto estas entidades têm ativos (bens, dinheiro, clientes, empréstimos, entre outros) que somam US$ 50,3 trilhões (R$ 178 trilhões), a dívida pública mundial é de US$ 48,9 trilhões (R$ 173,7 trilhões).

Em miúdos isso quer dizer que esses bancos privatizam os lucros, ao mesmo tempo em que socializam as dívidas.

Outra forma de dimensionar a questão: há centenas de milhares de bancos no mundo, mas estes concentram 90% dos ativos financeiros bancários. Com a hiperconcentração, a queda de um ou mais destes bancos tem um potencial devastador não apenas no setor, mas na economia global.

Na opinião de Oscar Ugarteche, economista da Universidade Nacional Autônoma do México e autor de A Grande Mutação, que estuda o novo sistema financeiro mundial, com esse nível de concentração dos bancos, há "grande possibilidade" de repetição de uma crise como a de 2008.

"Estes mercados cresceram com a liberalização financeira dos últimos 30 anos", diz o economista. "Foi com sua participação nos mercados especulativos que se chegou (à crise de) 2008."

Ainda de acordo com a BBC Brasil, atualmente os países não mais imprimem suas notas através de uma Casa da Moeda, o que era o pilar de suas economias. Hoje, 90% do dinheiro é emitido pelas 28 maiores instituições financeiras do mundo, enquanto os Bancos Centrais ficam responsáveis por apenas 10% do papel.

Com isso, se antes a expansão do dinheiro era de certa forma protegida pelo nível de reserva monetária de um país, hoje em dia, este limite perdeu a relevância.

Ataques especulativos

Não bastasse isso, a chamada “hidra” também comanda o mercado cambial do planeta, movimentando diariamente US$ 6 bilhões (R$ 21,3 bilhões). E pensar que 51% deste montante é controlado por apenas cinco, dos 28 maiores bancos do planeta.

Contando com liberdade para agir, eles podem articular ataques especulativos onde quer que seja. "O câmbio nos Estados Unidos e no Reino Unido não depende das variáveis econômicas de um país. Basta que operadores, vinculados aos bancos, decidam que o valor de uma moeda não se sustenta para que a ataquem especulativamente", diz Ugarteche, afirmando que com compras ou vendas maciças, arrastam o resto dos atores do setor financeiro, provocando uma modificação no câmbio que não tem nada a ver com a saúde econômica de um país.

Este tipo de manobra também interfere nas taxas de juros e, consequentemente, no mercado de derivativos. Ambos acabam pesando mais no bolso da população mundial, que acaba pagando mais caro por transações mal sucedidas ou para alimentar a ganância insaciável dos grandes bancos mundiais.

Clique aqui para ler na íntegra a matéria da BBC Brasil.

Por Armando Duarte Jr.