Covid-19 avança e governo teima em ampliar lista de atividades essenciais

12 de maio 2020
Governadores e prefeitos lutam para conter a disseminação do novo coronavírus (Covid-19), que já registrou 4.132.365 casos confirmados no mundo e 283.478 vítimas fatais, com medidas como lockdow, confinamento obrigatório adotado pelo Maranhão e no Pará, e o megarrodízio de carros de São Paulo, enquanto o presidente da República, Jair Bolsonaro, continua circulando, na maioria das vezes sem máscaras, e aumentando a lista de empresas essenciais, que podem furar os bloqueios.
Apesar de o Brasil ter ultrapassado a marca das 10 mil mortes por Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, no domingo (9/05), Jair Bolsonaro disse que vai aumentar novamente o rol de atividades essenciais durante a pandemia. Ou seja, ele vai autorizar mais empresas a funcionar independentemente da necessidade do distanciamento social. ;
"Amanhã (segunda-feira) devo botar mais algumas profissões como essenciais. Vou abrir, já que eles não querem abrir, a gente vai abrindo aí", afirmou Bolsonaro a apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada.
Na tarde de segunda-feira (11), o presidente anunciou que incluiu na lista de serviços essenciais as academias, salões de beleza e barbearias.
Na quinta-feira, Bolsonaro decretou que as atividades da construção civil, das indústrias químicas e petroquímicas de matérias primas ou produtos de saúde, higiene, alimentos e bebidas e produção, transporte, entre outras, também são essenciais.
Conforme dados do Ministério da Saúde, na segunda-feira (11), o Brasil atingiu a triste marca de 11.519 mortes provocadas pela Covid-19 e 168.331 casos confirmados da doença em todo o País. Foram 396 óbitos confirmados nas últimas 24 horas.
Medidas de isolamento social
Nesta segunda-feira (11), a cidade de São Paulo começou a semana com o megarrodízio na cidade para diminuir a circulação de pessoas, mas a medida pode ter tido o efeito contrário. Houve um volume de carros considerável na cidade nesta manhã, o que não era esperado pelas autoridades.
Estado mais afetado pela pandemia do novo coronavírus, São Paulo já registra 45.444 casos confirmados e 3.709 mortes. O Rio de Janeiro, que também pode decretar lockdow esta semana é o segundo mais afetado, com 17.062 casos confirmados e 1.714 óbitos. O Ceará é o terceiro, com 16.692 casos e 1.114 mortes.
O Rio de Janeiro tem 93% das cidades com casos de coronavírus. O aumento exponencial de casos levou a Fiocruz a defender o lockdown no Estado, com isolamento radical com bloqueio de estradas e circulação reduzida para conter o avanço da doença.
Duas cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro – Niterói e São Gonçalo iniciaram nesta segunda-feira (11) um lockdown para diminuir a circulação de pessoas nas ruas.
O Estado do Amazonas continua com a maior taxa de mortalidade e contabiliza 12.599 casos e 1.004 óbitos.
Mato Grosso do Sul é o Estado que menos apresenta notificações tem 362 casos e 11 óbitos. Tocantins apresenta também a menor quantidade de pessoas infectadas e mortes, com 688 diagnósticos e 9 óbitos.
Bolsonaro compara Maranhão à Venezuela
Enquanto os governadores do País se esforçam para salvar vidas, Bolsonaro segue provocando crises em cima de crises. No domingo (10), ele publicou um vídeo no Twitter para criticar a gestão do governador Flávio Dino (PC do B) e comparou o lockdown em São Luís, no Maranhão, ao ‘caos social vivido pela Venezuela’. As imagens mostram um policial militar realizando uma revista dentro de um ônibus.
Os policiais questionam os passageiros no transporte (carro e ônibus) se eles estão ali para realizar "atividades essenciais" — ou seja, o que está dentro das exceções previstas pelo decreto do lockdwon.
O governador do Maranhão publicou uma resposta dura na mesma rede social: “Bolsonaro inicia o domingo me agredindo e tentando sabotar medidas sanitárias determinadas pelo Judiciário e executadas pelo governo. E finge estar preocupado com o desemprego. Deveria então fazer algo de útil e não ficar passeando de jet ski para ‘comemorar’ 10.000 mortos”, postou.
Sobre a liberação de academias, salões de beleza e barbearias, governadores fizeram críticas ao presidente e disseram que vão manter estes locais fechados, fazendo prevalecer os decretos estaduais que determinam medidas de isolamento.
São Luís foi a primeira cidade do País a adotar o lockdown, para tentar refrear o aumento de casos do novo coronavírus. Depois da capital maranhense, a medida também passou a ser adotada em várias cidades brasileiras como Belém (PA), Fortaleza (CE), e Niterói (RJ).
Por Walber Pinto/CUT Nacional