Geral

Bancos brasileiros não respeitam trabalhadores nos demais países

Capa da Notícia

12 de junho 2015

A atuação do Banco do Brasil e do Itaú nos demais países da América Latina é marcada pela diferença de tratamento dispensada aos trabalhadores. Enquanto no Brasil a Convenção Coletiva de Trabalho os obriga a cumprir uma série de obrigações, em países como Paraguai, Chile e Colômbia a realidade é bem pior.

Além de alguns problemas comuns, como cobrança de metas abusivas e assédio moral, os bancários destes bancos nos demais países sofrem mais. Por exemplo, tanto o BB quanto o Itaú não pagam PLR aos empregados das operações internacionais, já que não há legislação local ou acordo que garanta este direito. Uma das reivindicações dos sindicalistas dos dois bancos é que a PLR seja paga a todos os empregados dos dois grupos, em moldes semelhantes ao que ocorre no Brasil. Afinal, se o lucro do banco é resultado da atuação em todas as bases, por que distribuir lucro apenas aos bancários brasileiros?

Fortalecer a organização dos empregados dos bancos em outros países também está entre os objetivos traçados pelos sindicalistas reunidos na 11ª Reunião das Redes Sindicais de Bancos Internacionais, realizada nos dias 9, 10 e 11 de junho, no Rio de Janeiro. No BB, a tarefa é apoiar os funcionários do banco no Chile, que ainda estão em situação de fragilidade. 

No Itaú, o principal esforço será junto aos empregados do CorpBanca, um dos maiores bancos do Chile, que está em processo de incorporação pelo grupo brasileiro. As conversações estão avançadas, com cronograma prevendo a conclusão do processo em meados de 2016. Mas o Itaú quer apressar o andamento e está oferecendo maiores vantagens aos acionistas do banco chileno. Entre os bancários - inclusive os da operação do CorpBanca na Colômbia - o sentimento é de incerteza, já que não foi feito nenhum anúncio sobre o futuro do corpo funcional. A Rede Sindical do Itaú assumiu como tarefa colaborar com os sindicatos de empregados do CorpBanca para minimizar os impactos da fusão sobre os trabalhadores.

O Itaú também está pressionando os funcionários nos outros países a assinarem acertos internos que burlam os acordos coletivos. É o Pacto Coletivo, que, apesar do nome, tem caráter individual - cada bancário tem que assinar. Caso concorde e assine, o bancário abre mão da cobertura pelo acordo da categoria e passa a negociar diretamente com o banco os termos de seu contrato de trabalho. Além de ser uma clara violação da liberdade sindical, o pacto traz para o trabalhador um novo problema: como o documento prevê o cumprimento de metas, caso o bancário não atinja os objetivos definidos pelo banco o contrato pode ser anulado, o que resulta em sua demissão.

Mulheres ganham menos

A discriminação de gênero também é um problema no Itaú nos demais países da América Latina. Na Argentina, por exemplo, as mulheres são 40% da força de trabalho do banco, mas estão concentradas nos call centers, onde são 90% dos funcionários. Como o setor de teleatendimento tem remuneração mais baixa e condições de trabalho muito piores, a situação das bancárias é muito inferior à dos colegas do sexo masculino. Com isso, a segunda questão da diferença de tratamento, que é a possibilidade de ascensão profissional, é ainda mais crítica. 

Tanto na rede do Banco do Brasil quanto na do Itaú um dos objetivos é a uniformização dos acordos e foi acordada a realização de reuniões de trabalho com esta finalidade. Os integrantes da rede do BB pretendem, inclusive, realizar um seminário sobre o papel dos bancos públicos, já que as operações internacionais da empresa em nada se parecem com o que se espera de um banco estatal. Se, no Brasil, a gestão do BB se assemelha à de um banco privado, no exterior esta orientação é ainda mais nítida, com muitos prejuízos para os empregados.

Os membros das redes sindicais dos dois bancos identificaram a necessidade de contato mais frequente e definiram uma série de medidas para facilitar a troca de informações. Ficou acertado que serão feitas reuniões periódicas e abertos canais de comunicação que permitam estreitar o contato entre os trabalhadores. 

Fonte: Contraf-CUT