Dê sua contribuição para combater a desigualdade nos bancos

12 de setembro 2019
A redução da desigualdade racial no mercado de trabalho foi tema de reportagem publicada no dia 10 de setembro pelo Portal G1 e a Globo News. Essa é uma realidade nos bancos e um desafio da categoria bancária é reduzir esse problema com base nos resultados do 3º Censo da Diversidade.
Foram entrevistados quatro profissionais negros que atuam em cargos de liderança em empresas importantes, como a Microsoft e o Banco Itaú Unibanco.
Clique aqui para assistir à reportagem.
Eles falam de suas origens, de episódios pelos quais passaram, enfrentando preconceito, as barreiras que a sociedade impõe e revelam como iniciaram as carreiras.
A reportagem é baseada em dados revelados pelo Instituto Ethos com as 500 empresas de maior faturamento do Brasil. A pesquisa aponta que entre 57% e 58% dos negros atuam como aprendizes e trainees, mas na gerência eles são 6,3%. No quadro executivo, a proporção é ainda menor: apenas 4,7% são negros.
Roberta Anchieta, superintendente na área de administração fiduciária do Itaú, conta que teve uma infância diferente da maioria dos negros, pois o pai estudou muito e com isso conseguiu dar uma vida estável à família, colocando os filhos em escolas particulares.
Apesar disso, a bancária disse que a discriminação ainda é uma realidade para os profissionais negros, mas, no entanto, é “possível enfrentar esse desafio reforçando a confiança na própria capacidade”.
"Quando eu chego representando o banco em algum fórum, às vezes fica um desconforto, às vezes eu vejo um certo ruído de 'mas cadê ela?', fica um pouco desconfortável. Mas eu estou acostumada a lidar com isso, eu lidei com isso a vida inteira. Quando eu era criança, era a única da escola, era um sentimento do não pertencer ali, parecia que eu não estava no lugar adequado. Hoje em dia, eu me sinto adequada exatamente onde eu estou. Esse lugar é para mim também, por que não?", disse Roberta Anchieta.
"Se eu causei um desconforto ou estranheza, alguém vai ter que se acostumar com aquilo, porque eu estou bem, eu estou acostumada."
Desafio da inclusão nos bancos
Para combater esse tipo de situação que está presente no dia a dia no setor financeiro, está sendo realizado o 3º Censo da Diversidade, em parceria entre a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
O objetivo é levantar quem é o bancário e a bancária, a partir de dados sobre etnia, raça, características físicas, intelectuais e mentais, valores culturais e religiosos, bem como a orientação afetivo-sexual.
Ivaí Lopes Barroso, diretor do Sindicato de Cornélio Procópio e representante do Vida Bancária na CGROS (Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual) da Contraf-CUT, afirma que a categoria bancária é pioneira em discutir com os bancos políticas de inclusão e de igualdade de oportunidades e que o Censo é mais uma oportunidade para avançar em relação a este tema.
“Como bem demonstrou a reportagem do G1, a ascensão profissional nas empresas é muito difícil para os negros e nos bancos o cenário não é diferente. Até mesmo na contratação existem barreiras a serem superadas”, salienta Ivaí, lembrando que o 2º Censo da Diversidade, realizado em 2014, apontou a presença de 24,9% de negros na categoria.
Se você ainda não respondeu ao 3º Censo da Diversidade, clique aqui e participe desta pesquisa que vai embasar as negociações com os bancos em torno de políticas de inclusão, igualdade de oportunidades e de combate a toda e qualquer forma de discriminação.
Por Armando Duarte Jr.