Itaú constrange bancários com revista nas agências

13 de março 2015
O Itaú decidiu impor revista aos bancários, na entrada e na saída das agências, desde a última segunda-feira, alegando questões de segurança. A medida, constrangedora e autoritária, acaba punindo as vítimas da violência dos assaltos e sequestros, jogando sobre elas a responsabilidade pela falta de segurança.
"Para resolver o problema bastaria o Itaú investir em segurança. Mas por pura ganância o banco não investe, para aumentar seus lucros ainda mais", afirmou a vice-presidente do Sindicato, Adriana Nalesso.
"O Sindicato entende que esta é uma forma de constrangimento, ilegal, portanto, podendo gerar um dano moral. Tanto é verdade que o Itaú normatizou esta prática que se constitui em assédio moral, através de teleconferência, mostrando má-fé ao não oficializar a ordem por escrito para evitar medidas judiciais, jogando a responsabilidade por qualquer punição sobre os gestores das unidades", salientou Adriana. A Secretaria de Assuntos Jurídicos do Sindicato lembra que já existem decisões judiciais que punem medidas como esta.
Revolta
Inúmeros bancários entraram em contato com o Sindicato, revoltados com a revista. As mulheres chegaram a chorar indignadas com a maneira desrespeitosa como estavam sendo tratadas pelo banco. As revistas são feitas na entrada, no intervalo para o almoço e no fim do expediente. "Vale ressaltar que estas pessoas a quem o Itaú vem constrangendo, são as mesmas que deram a ele em 2014 um lucro de R$ 20,6 bilhões, mais de 30% maior que no ano anterior", lembrou o diretor do Sindicato, Adriano Campos.
Revista íntima
O diretor do Sindicato, José Pinheiro, adiantou que a entidade usará de todos os meios para impedir a continuidade da revista. "Não sossegaremos enquanto não acabarmos com esta covardia sem sentido. Qual é o objetivo da revista sobre os bancários? É assim que o banco pretende dar fim aos sequestros dos mesmos bancários a quem ele impõe este constrangimento?", perguntou.
Pinheiro lembrou o episódio da fábrica da De Millus que começou com revistas nas bolsas das funcionárias, para depois impor a revista íntima. A iniciativa gerou a revolta das funcionárias. A indignação atingiu a sociedade, desencadeando uma grande campanha contra a revista íntima, que feriu as leis e os direitos humanos.
Banco mais multado
A prova de que não investe em segurança é que o Itaú foi o banco mais multado, em fevereiro, pela Polícia Federal por falhas no setor nas agências e postos de atendimento: R$ 2,474 milhões. As multas aplicadas a 20 bancos pelo mesmo motivo chegaram a R$ 8,717 milhões. Motivos: equipamentos inoperantes, agências sem plano de segurança aprovado pela PF, ausência de vigilantes, falta de rendição de vigilantes em horário de almoço, transporte de valores feito por motoboy e cerceamento a policiais federais para fiscalizar estabelecimentos bancários, entre outras.
Banco fecha agências, demite e piora atendimento
O Itaú decidiu comemorar os 450 anos de aniversário do Rio de Janeiro, 'presenteando' a cidade e os cariocas com o fechamento de agências, mais demissões em massa e impedindo clientes de pagarem suas contas nos guichês de caixas. Estas medidas não se justificam, a não ser pela ganância, já que, ano após ano, o banco da família Setúbal vem batendo recordes de lucratividade.
Só para citar o exemplo mais recente, o lucro no ano passado foi de R$ 20,619 bilhões, um aumento de 30,2% em relação a 2013. Reduzindo as opções aos clientes e sinalizando mais demissões e sobrecarga de trabalho para os funcionários que ficam, fecharam 10 agências cinco no Centro, três em Botafogo e uma na Gávea, além de outra em vias de fechamento na Rua do Rosário.
Para piorar, o Itaú recusa o pagamento tarifas públicas. E colocou para realizar esta função, caixas retirados dos guichês. Os não clientes já estavam proibidos de pagar contas no banco.
Com a restrição do atendimento, o Itaú descumpre a Resolução 2.878 do Conselho Monetário Nacional (CMN), de 26 de julho de 2001. O artigo 15 proíbe as instituições financeiras de negar ou restringir aos clientes e ao público em geral o atendimento pelos meios convencionais, inclusive guichês de caixa, mesmo na hipótese de atendimento eletrônico.
Fonte: bancariosrio.org.br
LM