Comando Nacional entrega Minuta aos bancos e cobra ultratividade

13 de junho 2018
O Comando Nacional dos Bancários entregou nesta quarta-feira (13/06), à Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) a Minuta de Reivindicações da categoria, definida no final de semana na 20ª Conferência Nacional, em São Paulo e aprovada nas Assembleias feitas pelos Sindicatos de todo o País.
Como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal também são filiados à Fenaban, na ocasião foram entregues aos representantes destas duas instituições as pautas específicas dos funcionários, aprovadas nos Encontros realizados nos dias 7 e 8/06, em São Paulo.
A primeira rodada de negociação da Campanha Nacional Unificada 2018 foi marcada para o dia 28 de junho.
Aumento real, PLR maior, defesa da CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) para todos, manutenção dos direitos, dos empregos e que qualquer tipo de alteração na forma de contratação seja feita via negociação coletiva são as prioridades indicadas na pauta deste ano, atendendo aos anseios dos bancários e bancárias manifestados na Consulta Nacional e nas Conferências Estaduais.
Na Minuta é cobrado, ainda, o fim do assédio moral e reafirmada a defesa intransigente dos bancos públicos e da sua função social para o desenvolvimento do Brasil.
Em 2016, após 31 dias de greve, bancários de instituições financeiras públicas e privadas de todo o Brasil conquistaram uma CCT de dois anos, que estará vigente até 31 de agosto deste ano. Assim, essa é a primeira Campanha da categoria após o golpe que colocou na Presidência da República um governo que tem retirado direitos dos trabalhadores e de toda a sociedade.
“Antecipamos toda a preparação da Campanha para que a categoria não tenha nenhum prejuízo, diante da mudança na lei trabalhista, do nosso ponto de vista bastante ruim para a Classe Trabalhadora”, afirmou a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira.
Diante disso, a Conferência Nacional da categoria, realizada entre os dias 8 e 10 de junho, definiu cobrar dos bancos a assinatura de um Pré-acordo de ultratividade, para que todos os direitos previstos na CCT continuem valendo até a assinatura de um novo acordo. “Queremos garantir que tenhamos um processo negocial tranquilo”, ressaltou Juvandia, uma das coordenadoras do Comando.
“A defesa do emprego, dos salários e dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras é função intrínseca do papel dos Sindicatos, mas nesse momento ainda mais. Foi bastante importante celebrar aquele acordo de dois anos, mas de lá para cá foram fechados cerca de 40 mil postos de trabalho nos bancos. O Brasil está vivendo uma fase preocupante. O País não cresce, mas o sistema financeiro tem lucros cada vez mais exorbitantes. Foram quase 34% nos lucros no ano passado, mais de 20% no primeiro trimestre deste ano. E isso só dos bancos representados nessa mesa (BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander)”, salienta.
Valorização da CCT
Juvandia destacou ainda a importância da organização da categoria bancária. “Na greve dos caminhoneiros vimos o caos que foi não ter quem fizesse essa representação, que falasse pela maioria. E isso tudo porque têm uma forma de contratação de autônomos. Mais uma mostra da importância de lutarmos para que nossa categoria tenha emprego de qualidade, não como PJ, terceirizado, autônomo”, afirmou a presidenta da Contraf-CUT.
“Já assinamos 26 CCTs e esperamos que assinemos muitas mais. E que essa mesa tenha a sabedoria de fazer a renovação desse acordo via negociação. Este momento nos preocupa porque entendemos que a nossa democracia está fragilizada e isso é muito ruim principalmente para os trabalhadores”, finalizou a dirigente.
“Queremos este ano assinar nossa 27 CCT”, reforçou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, também coordenadora do Comando. “Sabemos que nossa mesa de negociação nunca foi fácil, mas chegamos sempre a um acordo. Somos a única categoria que assina uma CCT nacional para todos os trabalhadores e todas as empresas ao mesmo tempo. Temos uma organização nacional, junto com vocês, que permite fazer toda essa negociação numa única mesa e isso é muito importante”, salientou.
“Queremos assinar um acordo coletivo que valha pra todo mundo, independente do salário. Discutimos muito na nossa conferência, também, a importância de manter a mesa única, com bancos públicos e privados. Assim, valorizamos nossa negociação na qual sempre conseguimos chegar à assinatura da CCT. E isso queremos: garantir todos os direitos para todos. E colocando na sociedade os bilhões de reais que ajudam a movimentar a economia nacional, via aumento real, PLR maior”, completou Ivone Silva.
Para o presidente da Fenaban, Murilo Portugal, a CCT dos bancários é um marco para o Brasil e toda a América Latina. “Concordo com vocês. Temos um processo de negociação nacional unificada muito amplo. É um processo complexo. E, infelizmente, as coisas que são difíceis de montar são fáceis de destruir. As regras são as mesmas para o Brasil e acho que isso é uma contribuição importante que o setor dá para reduzir a desigualdade que é tão grande no nosso Brasil, como disse a Ivone.”
Bancos e sociedade
Com o mote Todos por Tudo, os bancários definiram, ainda, a importância que as eleições 2018 terão n a recuperação da democracia e dos direitos dos trabalhadores. “Nossa pauta não é só corporativa. Queremos bancos melhores e o fortalecimento das empresas públicas pelo desenvolvimento do Brasil. Precisamos eleger candidatos que se comprometam com a revogação da ‘reforma’ trabalhista, com o direito à aposentadoria, com o fim da PEC da Morte, com a defesa dos bancos públicos e outras estatais como a Eletrobras e Petrobras”, ressaltou Juvandia.
E os bancários concordam: pesquisa realizada pela Contraf-CUT junto a mais de 35 mil empregados e empregadas de bancos públicos e privados em todo o Brasil apontou que 73% dos bancários avaliam como péssima a reforma trabalhista (lei 13.467/2017) e 79% responderam que não votarão nos deputados e senadores que aprovaram a nova lei.
De acordo com essa consulta, 60% dos bancários estão dispostos a aderir a uma eventual paralisação, caso as negociações não avancem.
Fonte: Contraf-CUT