Negros sofrem discriminação na fuga da Ucrânia

14 de março 2022
Muitos imigrantes negros que moram na Ucrânia estão sofrendo discriminação por parte das Forças Armadas do país e da Polônia, para onde grande parte dos refugiados da guerra contra a Rússia estão fugindo.
Domingos Ngulond, 22 anos, e Mário Biangnê, 24, eram, até à véspera do início da ofensiva militar russa, estudantes na Universidade Nacional de Medicina de Ternopil, que fica a 480 quilómetros a Oeste de Kiev. Logo na sexta-feira, os dois portugueses (com ascendência africana) chegaram a Shehyni, a apenas cinco quilômetros de Medyka, já no lado polaco. Nesse dia, percorreram a distância a pé, até à fronteira, mas, durante quatro dias permaneceram no mesmo local, pois sempre que chegavam ao destino final acabavam “atirados para o fim da fila”.
“Africanos, não! Africanos, têm de ir para o fim da fila!”, disseram-lhes, várias vezes, as autoridades ucranianas que controlam as multidões de dezenas de milhares de pessoas que, diariamente, cruzam a fronteira com a Polónia para fugir de um país em guerra.
“Há lamentáveis relatórios sobre policiais e membros das equipes de segurança ucranianos que refutam que nigerianos entrem em ônibus ou trens com destino às fronteiras da Ucrânia com a Polônia”, disse em nota o conselheiro presidencial da Nigéria, Garba Sheshu.
“Vejam como eles ameaçam atirar na gente! A polícia e o Exército se recusaram a deixar os africanos atravessarem, só deixaram os ucranianos. Alguns dormiram aqui por dois dias nesse frio cortante, enquanto outros tiveram que voltar”, denunciou um outro imigrante negro.
Fonte: Coletivo de Combate ao Racismo #ComRaça1