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Categoria define Carta de Compromissos para combater discriminação nos bancos

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14 de abril 2016


Júlia Nogueira, secretária Nacional de Combate ao Racismo da CUT, destacou as ações do movimento sindical em busca da igualdade 

Ao final de dois dias de debates, os participantes do III Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado nos dias 11 e 12 de abril, em Curitiba, definiu propostas da categoria para combater o racismo e as formas de discriminação contra o negro e a negra no sistema financeiro.

As propostas constam da Carta de Compromissos do evento, que prevê a reivindicação pelo feriado nacional em 20 de novembro; campanhas pela efetivação das Convenções 100 e 111 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que tratam da igualdade de condições de trabalho e combate à discriminação racial; além de outras propostas para que haja, de fato, inclusão nos bancos e tratamento igualitário entre bancários e bancárias, independente do sexo, da raça/cor, identidade gênero, da orientação sexual ou do fator geracional e de pessoas com deficiência.

Neste sentido, a Carta Compromisso reafirma que é preciso lutar por uma sociedade democrática, fraterna e igualitária, sem trabalhadores de segunda e/ou terceira classe. “E, temos certeza, isso só será possível ser alcançado se houver igualdade de oportunidades para todos exercerem, de fato, a cidadania.”

O III Fórum pela Visibilidade Negra foi organizado pela Contraf-CUT e a Fetec-CUT/PR e reuniu bancários de todo o país, que trocaram experiências sobre a luta contra o racismo.

Entre outros convidados, participaram do Fórum o ex-ministro da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Governo Lula, Eloi Ferreira Araújo, a doutora em Sociologia pela Unesp e professora do Departamento de Sociologia do IFBA/Salvador, Marcilene Garcia de Souza, a economista da Subseção do Dieese na Contraf-CUT, Regina Camargos, e o procurador Regional do Trabalho da Primeira Região do Rio de Janeiro, Wilson Prudente.

Falta de respeito


Jair Sambudio, diretor da Fetec-CUT/PR e representante
do Estado na CGROS falou sobre a postura dos bancos

Na avaliação de Jair Sambudio, diretor da Fetec-CUT/PR e representante do Paraná na CGROS (Comissão de Gênero, Raça, Orientação Sexual e Pessoas com Deficiência), as discussões giraram em torno da situação do negro no sistema financeiro, as reivindicações da categoria em relação ao desafio de consolidar a igualdade de oportunidades, além de propostas para combater o racismo nos bancos.

“Nos últimos anos conseguimos alguns avanços nas negociações da Mesa Temática de Igualdade de Oportunidades, pois os bancos não estão tratando com a seriedade que esta questão merece”, critica.

Para Jair, o sistema financeiro, assim como a sociedade brasileira em geral, precisam reavaliar condutas e políticas públicas para corrigir esse erro histórico, que é a discriminação contra as pessoas negras.

“Um pais, como o Brasil, que tem 53% de sua população formada por afrodescendentes precisa urgentemente romper com essa herança nefasta. O III Fórum reafirmou a necessidade de corrigir as práticas discriminatórias institucionais do Sistema Financeiro, em especial nos bancos privados, já que os bancos públicos são obrigados a preencher a lei federal de cotas nos concursos”, ressalta o diretor da Fetec-CUT/PR.

Para ele, a visibilidade negra deve se tornar uma realidade no sistema financeiro, e não apenas peças de marketing dos bancos, nas quais se veem negros e negras apenas como publicidade a respeito da diversidade.

Por Armando Duarte Jr.