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Banco foge do diálogo e inicia implantação da reforma trabalhista

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14 de dezembro 2017

O Santander adotou medidas unilaterais e até inconstitucionais sem consultar as entidades sindicais, dando o pontapé inicial na implementação da reforma trabalhista pelo sistema financeiro. Ao acessar o sistema interno do banco, os funcionários eram direcionados para uma página onde teriam que dar a concordância em um “Acordo” Individual de Banco de Horas Semestral.

“Esse acordo é inconstitucional. Pela Constituição, banco de horas somente podem ser negociados em acordoa ou contratos coletivos”, afirmou Mario Raia, secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT e funcionário do Santander.

Ao saber do ocorrido, a COE (Comissão de Organização dos Empregados) do Santander solicitou uma reunião com o banco para tratar do assunto. A reunião ocorreu na tarde de quarta-feira (13/10), em São Paulo. Além de integrantes da COE, estavam presentes representantes de todas as Federações de bancários do País. O banco apenas confirmou as medidas e disse que não haveria negociações sobre elas.

O Santander também informou que será feita a alteração do dia de pagamento dos salários, do dia 20 para o dia 30, e que será mudado o pagamento do 13º salário, que ocorria antes em fevereiro e novembro, mas passará para maio e dezembro, entre outras medidas.

“Não contente em pressionar violentamente os trabalhadores buscando aumento dos lucros dos acionistas e dos bônus já milionários pagos aos executivos, o Santander agora também quer fazer resultado em cima da folha de pagamento, retardando a data para o crédito dos salários”, denunciou Maria Rosani, coordenadora da COE do Santander.

Rita Berlofa, presidenta da UNI Finanças Mundial, que também é funcionária da Santander, ficou indignada com a atitude do banco. “Pessoas vieram de longe para negociar. Não estávamos ali para ouvir o que o banco havia decido fazer. Queríamos negociar”, disse. “Essa foi uma atitude antissindical do Santander”, completou.

Em protesto, os trabalhadores encerraram a reunião. “Aquilo não era uma mesa de negociações. Era um balcão de informações do banco para os trabalhadores”, observou Rita.

Ação conjunta

Para Rita Berlofa, essa não é uma prática isolada do Santander. “Trata-se do início da implantação da reforma trabalhista pelo setor financeiro. Se não nos manifestarmos contra essas medidas, os demais bancos vão acreditar que concordamos com as mudanças e vão implementá-las também”, disse.

“Não temos dúvidas de que o banco vai tentar colocar em prática tudo o que a reforma trabalhista lhe permite e tentar ir além. Nós temos que nos organizar para impedir”, disse o dirigente da Contraf-CUT.

Fonte: Contraf-CUT