Divulgação do balanço de 2015 aumenta dúvidas dos trabalhadores

16 de março 2016
O HSBC divulgou seu balanço financeiro nesta semana, apresentando prejuízo de R$ 753,4 milhões em 2015. O resultado foi 37,2% pior que o de 2014, quando o prejuízo foi de R$ 549,1 milhões. Contudo, mesmo anunciando em fevereiro que estava suspenso o pagamento de PLR (Participação nos Lucros e Resultados), o HSBC informou no balanço que pagou R$ 48 milhões como PLR.
"A divulgação do balanço do HSBC, que era tão esperada por seus trabalhadores, trouxe mais dúvidas que esclarecimentos, sobretudo no que diz respeito ao pagamento da participação nos resultados para grande parte de seus trabalhadores, que não irão receber nada", lamenta Cristiane Zacarias, coordenadora nacional da COE HSBC.
De acordo com denúncias que chegaram até o Sindicato de Curitiba, há bancário com cargo de chefia que irá receber valores entre R$ 150 e R$ 300 mil. "Percebemos que o prejuízo é só para os bancários com salários menores. Bancários que estão todos os dias submetidos ao descaso do banco, ao forte assédio moral e a locais de trabalho totalmente precários, pois o que parece é que o HSBC já abandonou seus trabalhadores há anos", critica a dirigente. "Considerando todos os escândalos que o HSBC esteve e está envolvido, como por exemplo o swissleaks, fica estranho seu silêncio nesse momento em que todos cobram esclarecimentos", cobra Cristiane.
Mobilizações cobram transparência
Desde que o HSBC anunciou, no dia 23 de fevereiro, que não pagaria PLR, o Sindicato de Curitiba iniciou uma série de mobilizações, tanto nacionais quanto locais, sempre na tentativa de retomar o diálogo com o banco, que sequer aceita receber o movimento sindical para uma reunião.
A primeira atividade foi a paralisação dos centros administrativos no dia seguinte. Já no dia 29 de fevereiro, os trabalhadores do HSBC aderiram à mobilização nacional com a paralisação das atividades nas agências bancárias de Curitiba. Nesse ato, o HSBC retomou suas práticas antissindicais, forçando seus trabalhadores a registrar ata notarial contra o Sindicato.
Com a postura intransigente do banco, o Sindicato de Curitiba continuou as mobilizações, paralisando o Palácio Avenida, sede do banco no Brasil, mas o HSBC preferiu acionar a Justiça ao invés de retomar o diálogo com os trabalhadores e, atualmente, o Sindicato de Curitiba está impedido por uma liminar de realizar paralisações em frente aos locais de trabalho.
A entidade também tem feito conversas com outros órgãos e entidades a fim de buscar alternativas para o acesso às informações que os bancários têm direito. "A produção não foi realizada por Londres, mas por todos os trabalhadores do Brasil que não podem ficar com o ônus da má gestão imposta globalmente", finaliza Cristiane Zacarias.
Por Paula Padilha/Sindicato de Curitiba