Fenaban nega avanços na Mesa de Igualdade de Oportunidades

17 de julho 2015
A Contraf-CUT e a Fenaban retomaram, na quarta-feira (15/07), as negociações da Mesa Temática de Igualdade de Oportunidades para discutir a disponibilização de um plano de cargos e salários e a formação de um grupo de trabalho para a campanha nacional contra o assédio sexual nos bancos. Também foi abordada na oportunidade a proposta de um novo formato de mesa para o tema igualdade e oportunidades, com a participação de intelectuais e especialistas.
Sobre os cargos e salários, os bancos alegaram não poder disponibilizar dados a respeito, porque cada instituição bancária possuiria um diferente. Eles afirmaram que os trabalhadores já teriam acesso hoje aos planos. Os dirigentes sindicais, no entanto, insistiram na necessidade de apresentação do plano e os bancos mantiveram a negativa.
Diante do pedido de formação de um grupo de trabalho para a campanha sobre assédio sexual, os representantes dos bancos solicitaram suspender por um tempo a reunião. Ao retornarem, voltaram a apresentar os mesmos argumentos, de uma reunião anterior, de que precisariam de mais um pouco de tempo para analisar o caso e dar a resposta sobre uma campanha conjunta com o movimento sindical, estabelecendo como prazo indicativo o período de início da Campanha Salarial. Sobre o novo formato de mesa de igualdade de oportunidades, informaram que, após análise, chegaram à conclusão de que deveria ser mantida a mesma forma atual.
Jair Sambudio, diretor da Fetec-CUT/PR, lamenta a falta de avanços pelos bancos em relação aos pontos debatidos, mantendo em curso a política de discriminação existente no setor. “Precisamos dialogar para mudar o cenário atual, no qual persiste a desigualdade de tratamento, remuneração e ascensão profissional, penalizando negros, deficientes e LGBTs”, aponta.
Jair lembra que o resultado do II Censo da Diversidade demonstrou que as bancárias, muitas vezes com formação superior aos bancários, raramente são contempladas nas promoções para os cargos de melhores salários, e que as pessoas com deficiência representam somente 3,6% do total de bancários no País, número este inferior ao estipulado por Lei.
Racismo
Na reunião da Mesa Temática de Igualdade, os representantes da Fenaban mais uma vez negaram sistematicamente a apresentação dos dados brutos do censo sobre a categoria bancária. A justificativas deles é de que subiu o percentual de negros na categoria, já que o primeiro censo indicava o percentual de 18% e teria ido para 24% no segundo censo. Apesar disso, bancários negros são apenas 2,3% do contingente total dos bancos.
“Isso mostra, sem sombra de dúvidas, que há racismo nas contratações. Basta ver que as mulheres negras, que apareciam discretamente no primeiro censo, sumiram no segundo”, observa Jair Sambudio, afirmando que é necessário acabar com essa política de discriminação, levando em conta a realidade do Brasil, que tem uma população de 20,7 milhões de pessoas, sendo que destas 53% são afrodescendentes.
Fonte: Contraf-CUT