Citigroup anuncia que vai sair de operação de varejo em 11 países

17 de outubro 2014
Camilla Hall
Financial Times, de Nova York
Depois de anunciar ontem um lucro líquido de US$ 3,4 bilhões para o terceiro trimestre, que ficou aquém das estimativas dos analistas, o Citigroup anunciou que deixará de operar na área de banco de varejo em 11 mercados internacionais que incluem Japão, República Checa e Egito.
O banco americano, que agora vai oferecer serviços de banco de varejo em 24 mercados, registrou um crescimento de 6% no lucro do trimestre. A previsão dos analistas era de um lucro de US$ 3,5 bilhões. A receita cresceu 9% para US$ 19,6 bilhões, em comparação aos US$ 17,9 bilhões do terceiro trimestre do ano passado.
O lucro por ação foi de US$ 1,07, enquanto que os analistas previam US$ 1,13. Em uma base ajustada, o banco superou as estimativas de lucro por ação de US$ 1,12, apresentando um lucro de US$ 1,15. Ontem, a ação do Citi subiu quase 1% nos negócios realizados antes da abertura oficial do mercado de ações americano.
A reavaliação do alcance internacional do Citigroup está no centro da estratégia do diretor-presidente Mike Corbat para fortalecer a instituição e torná-la mais lucrativa. Em março de 2013 ele dividiu os negócios internacionais do banco em categorias diferentes, dependendo de sua importância para o banco.
"Estou comprometido com a simplificação de nossa companhia e a alocação de nossas fontes finitas para onde possamos gerar os melhores retornos para os acionistas", disse Corbat ontem.
A maioria dos mercados de onde o Citigroup está saindo, se encaixa no grupo das operações designadas como "otimizar e depois crescer", ou "otimizar/reestruturar". Outros mercados internacionais de varejo dos quais o banco está saindo incluem Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Panamá, Peru, Guam, República Checa e Hungria. A operação de financiamento ao consumo do banco na Coreia do Sul também será afetada.
A abrangência global, outrora vista como um dos pontos fortes do Citigroup e outros grandes bancos como o HSBC, expôs os bancos a riscos regulatórios e financeiros e levantou dúvidas sobre a possibilidade dessas instituições serem "grandes demais para quebrar" e espalhadas demais para ser administradas.
Na esteira do terremoto de 2011 no Japão, o antecessor de Corbat, Vikram Pandit, disse: "Em mais de um século trabalhando no Japão, o Citi forjou relações profundas com o povo japonês. Ajudá-lo em sua hora de necessidade não é apenas uma obrigação, é um gesto sincero de gratidão e boa vontade para com nossos amigos e parceiros em um país que significa tanto para nós".
Corbat vem tendo um ano difícil, depois que o banco não passou nos testes anuais de estresse realizados pelo Federal Reserve (Fed), suspendendo o retorno de capital para os acionistas e enfrentando as consequências da descoberta de uma fraude em sua unidade mexicana.
A fraude, envolvendo os negócios com recebíveis do Banamex, levou à demissão de funcionários, mandados de prisão e investigações nos Estados Unidos e México. O executivo-chefe da unidade, Javier Arrigunaga, renunciou na semana passada por causa do escândalo, que afetou a unidade que já foi vista como a joia da coroa do Citi.
Em julho, o banco anunciou uma ajuda financeira a consumidores de US$ 7 bilhões para por fim a uma investigação do governo sobre suas vendas de títulos lastreados em hipotecas, quase que eliminando o lucro do segundo trimestre. O banco teve uma despesa legal de US$ 951 milhões no terceiro trimestre, em comparação a US$ 677 milhões no mesmo período do ano passado.
No trimestre passado, o banco teve uma despesa antes dos impostos de US$ 3,8 bilhões, reduzindo o lucro líquido para US$ 181 milhões, ante US$ 4,2 bilhões no mesmo período do ano passado.
A receita de negócios com renda fixa, câmbio e commodities cresceu 5% para US$ 3 bilhões, em comparação aos US$ 2,8 bilhões apurados no terceiro trimestre de 2013.
O diretor financeiro John Gerspach cumpriu sua promessa de lucratividade na Citi Holdings, que teve o segundo trimestre consecutivo de lucros. Na semana passada, o Citigroup encaminhou às autoridades uma solicitação de abertura de capital da OneMain Capital, sua operação de financiamento a consumidores de alto risco, avaliada em mais de US$ 4 bilhões, em uma cisão que vai encolher a Citi Holdings.
Fonte: Valor Econômico