Spread bancário se mantém um dos mais elevados do mundo

17 de dezembro 2018
O spread bancário no Brasil continua sendo um dos mais elevados do mundo, demonstrando que é preciso de medidas urgentes para reduzir as taxas de juros praticadas no País. O altíssimo custo do crédito consiste inibe o consumo e o investimento produtivo, na medida em que os juros cobrados pelas instituições financeiras representam uma perda importante no orçamento das famílias e das empresas.
O alto grau de concentração do setor financeiro também é um entrave para o crescimento da economia, na medida em que atua com capacidade de impor aos consumidores preços abusivos, em um mercado onde apenas cinco empresas concentram quase 90% do crédito disponível.
É preciso fortalecer os bancos públicos para abaixar o spread bancário e elevar o crédito, a liberação de depósitos compulsórios com garantia de aplicação em áreas prioritárias e o incentivo a outros atores como as cooperativas de crédito e os bancos menores. Para mudar o atual cenário do País, é preciso aumentar a oferta do crédito a juros baixos, notadamente para o setor habitacional e rural, para que estes estejam no centro do modelo econômico brasileiro, gerando mais empregos e renda.
A Febraban rejeita a ideia de que a causa dos altos juros no Brasil seja a enorme concentração no setor e a falta de concorrência entre eles. Diante disso faz algumas propostas que, segundo ela, iriam reduzir os juros no Brasil. Todas elas gerariam redução de custos para os bancos como modificações no cadastro positivo, maior facilidade para tomarem bens dados como garantia de empréstimos, aprofundamento da reforma trabalhista, relaxamento das exigências de segurança nas agências bancárias, redução do pagamento de impostos por parte dos bancos, etc.
Isso deixa claro que eles, os bancos, não têm a menor intenção de alterar o cenário atual, no qual as taxas de juros elevadíssimas, aliadas às caras tarifas cobradas dos clientes, respondem pelo ganho fácil.
O mercado financeiro detém praticamente 50% do PIB do Brasil em saldo de operações de crédito - dominado por cinco grandes conglomerados financeiros, que não concorrem em preço, já que atuam de forma oligopolizada. Portanto, a redução de custos não seria repassada aos juros cobrados dos clientes. A maioria das medidas propostas pela Febraban serviria apenas para elevar ainda mais as margens de lucro do setor que mais ganha na economia mesmo em momentos de crise, como o atual.
Fonte: Sindicato dos Bancários de São Paulo