Basta ao desrespeito dos bancos

18 de julho 2014
Por Wanderley Crivellari
Encerrado o primeiro semestre de 2014, em breve os bancos começarão a divulgar seus balanços trazendo, com certeza, novos recordes de lucratividade e espantosos índices de crescimentos nas mais diversas carteiras.
Foi assim no primeiro trimestre deste ano e agora não vai ser diferente. Um exemplo disso é o Banco Itaú, que obteve R$ 4,529 bilhões de lucro líquido nos três primeiros meses de 2014, apontando um crescimento de 27,3% em relação ao valor contabilizado no mesmo período do ano passado.
Apesar desse excelente resultado, o Itaú fechou 733 empregos no primeiro trimestre com o único objetivo de reduzir os custos com pessoal, como se precisasse disso para se manter. Ao mesmo tempo, o balanço do banco demonstrou que as receitas arrecadadas com prestação de serviços e tarifas cresceram 16,3% em 12 meses e representam 171,3% das suas despesas com a folha de pagamento.
Os demais bancos privados e o Banco do Brasil seguem o mesmo caminho, apostando no enxugamento dos quadros e corte de despesas administrativas para ampliar ainda mais seus lucros. Por conta disso, entre janeiro e maio o setor financeiro fechou 3.283 postos de trabalho, enquanto os setores produtivos da economia brasileira geraram 543.231 empregos, contribuindo para o desenvolvimento do país.
A exceção é a Caixa Econômica Federal, que vem promovendo contratações: foram 1.433 novos funcionários nos cinco primeiros meses de 2014. Porém, esse número ainda não atende às necessidades das unidades, onde os funcionários continuam sofrendo com a sobrecarga de trabalho.
E é essa necessidade de mais contratações que será cobrada dos bancos na Campanha Nacional Unificada deste ano, na qual o tema emprego estará no centro dos debates. Conforme deliberado nas Conferências Regionais e Estaduais, e em breve no evento Nacional, vamos buscar formas de garantir o nível de emprego no setor financeiro e cobrar o fim das terceirizações, entre outros temas que constarão de nossa Minuta de Reivindicações.
Como fizemos no ano passado, teremos que mostrar nossa força e organização para melhorar não apenas a remuneração, mas também as condições de trabalho, de saúde e segurança.
Além de tudo isto,defenderemos uma reordenação da atual forma de atuar dos bancos no Brasil, levando em conta seu papel perante a sociedade, impondo limites na definição das taxas de juros e da cobrança de tarifas, assim como suas responsabilidades enquanto empregadores que são. Para que isso aconteça, temos que cobrar do Governo Federal e do Congresso Nacional a convocação de uma Conferência para debater a regulamentação do Sistema Financeiro.
Definitivamente, não podemos deixar que os bancos continuem agindo como bem querem. É preciso dar um basta na ganância, na exploração e, principalmente, no desrespeito para com a sociedade.