Remuneração de executivos de grandes bancos sobe quase 8%

18 de julho 2016
A remuneração dos executivos chefes dos grandes bancos mundiais aumentou 7,6% em 2015, o que levou um ganho médio de US$ 13,1 milhões.
Conforme divulgou o Financial Times, os chefes dos seis maiores bancos dos Estados Unidos se saíram particularmente bem. O pacote salarial médio deles subiu mais de 10% e foi quase o dobro do recebido pelos executivos europeus, de acordo com análise feita por empresa especializada em dados salariais Equilar e pelo "Financial Times", com os 20 chefes de bancos internacionais mais bem pagos na Europa, EUA, Canadá e Austrália.
O maior ritmo de crescimento e o aumento da diferença deverão criar dificuldades políticas para a candidata presidencial americana Hillary Clinton, que já foi criticada por seus laços de proximidade com Wall Street.
Os números também reforçam a ideia defendida pela próxima primeira ministra do Reino Unido, Theresa May, de que os salários fiquem sujeitos a votações obrigatórias dos acionistas.
Nos EUA, os principais executivos de J.P. Morgan Chase, Goldman Sachs, Citigroup, Wells Fargo, Bank of America e Morgan Stanley ganharam em média US$ 20,7 milhões em 2015, incluindo salários, bonificações pelo desempenho no ano e contribuições previdenciárias. Jamie Dimon, do J.P. Morgan, voltou a encabeçar a lista, com um montante de US$ 27,6 milhões. Em contraste, os chefes de 11 bancos europeus ganharam em média US$ 10,4 milhões.
O número foi impulsionado por ganhos extraordinários em ações de US$ 27 milhões, divididos pelos novos comandantes de Standard Chartered, Credit Suisse e Barclays para compensá-los pelo que deixaram de ganhar ao sair de seus empregos anteriores. A remuneração dos executivos chefes de bancos europeus subiu em média 9,6% no ano passado. Em 2014, o pacote salarial médio havia aumentado apenas 0,5% nos 20 bancos.
Bill Smead, da Smead Capital, uma firma de Seattle com US$ 2,4 bilhões em ativos sob gestão, avalia que a remuneração no setor como um todo parece ser demasiado alta, tendo em vista o baixo retorno sobre o patrimônio em termos gerais. Ele argumentou, no entanto, que alguns executivos, entre os quais Dimon, fizeram por merecer o que ganharam, ao ajudar seus bancos a ajustar-se ao cenário de taxas de juros baixíssimas e de exigências regulatórias muito mais rigorosas. "A tarefa de comandar esses negócios nos últimos quatro ou cinco anos na terra dos executivos chefes foi tão infernal quanto se pode imaginar", afirma.
"Quantas pessoas brilhantes de 22 anos acordam pensando 'Quero comandar um desses grandes bancos'? A escassez cria valor", conclui. A remuneração mais alta em Wall Street é reflexo da diferença de lucratividade no ano; embora os bancos americanos tenham sofrido com o enfraquecimento das operações de corretagem no quarto trimestre, no geral seus lucros foram melhores que os dos europeus. O pacote salarial de Dimon aumentou 36%, para US$ 27,6 milhões, e 92% dos acionistas votaram pela sua aprovação. Ele vai precisar atingir metas de desempenho de três anos para receber o pagamento integralmente.
Mike Corbat, do Citigroup, teve o segundo maior aumento. O reajuste de 31% elevou sua remuneração total para US$ 16,5 milhões, mas mais de 30% dos investidores do banco recusaram-se a aprovar o pacote na assembleia geral anual. O comitê de remuneração do Citigroup destacou que o pacote de Corbat subiu apenas 14% em relação ao nível de 2013, já que houve redução em 2014 em decorrência das deficiências encontradas no teste de resistência do banco feito naquele ano. Apesar do corte de 4% na remuneração em 2015, Lloyd Blankfein, do Goldman Sachs, continua sendo o segundo executivo chefe de banco mais bem pago do mundo, com um total de US$ 23,4 milhões. Apenas 66% dos acionistas avalizaram seu pacote salarial na assembleia geral anual do banco. Dois europeus ficaram entre os cinco executivos chefes mais bem pagos o novo chefe do Standard Chartered, Bill Winters, com um pacote de US$ 22,4 milhões, e o novo chefe do Credit Suisse, Tidjane Thiam, que ganhou US$ 21,1 milhões.
O pacote de Winters incluiu um "prêmio de compensação" de US$ 10 milhões, que recebeu em troca do que deixou de ganhar ao aceitar o cargo. Sua bonificação máxima neste ano vai ser de US$ 8,4 milhões, bem menos do que a bonificação total de 2015, de US$ 18,4 milhões. A remuneração de Thiam incluiu cerca de US$ 15 milhões em "prêmios de compensação" um pacote que irritou alguns investidores, uma vez que o preço das ações do Credit Suisse caiu cerca de 50% nos últimos 12 meses. Thiam pediu ao conselho de administração para reduzir sua bonificação em 40% em consequência do cenário desafiador enfrentado pelo banco.
Fonte: Valor Econômico