Categoria bancária quer trabalhar em paz

18 de julho 2018
Trabalhar em banco não pode fazer mal para a saúde. Mas atrás da aparência de tranquilidade nas agências e nos departamentos se esconde uma rotina estressante de pressão por metas absurdas, desrespeito, assédio moral, sobrecarga de trabalho.
Saúde e condições de trabalho são os temas da pauta da terceira rodada de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) nesta quinta-feira (19/07), em São Paulo.
A categoria, que atua num dos setores mais lucrativos da economia nacional, é uma das que mais se afasta em função de doenças relacionadas ao trabalho.
Para dar uma ideia do tamanho deste problema, basta mencionar um dado do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho: entre 2012 e 2017 os bancos foram responsáveis por apenas 1% dos empregos criados no País, mas por 5% dos afastamentos por doença.
“Esse dado demonstra que a política de gestão das instituições financeiras com pressão e metas abusivas tem de mudar”, afirma Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro).
“Seis por cento do total de recursos utilizados em benefícios para afastados por doença relacionada ao trabalho, entre 2012 e 2017, tiveram relação com problemas de saúde dos bancários. Quando um ser humano adoece por causa do seu trabalho já é muito ruim, e isso é agravado pelo grande prejuízo social diante do impacto para o sistema previdenciário. Uma situação absurda que dia a dia lutamos para alterar”, ressalta Juvandia, que é uma das coordenadoras do Comando.
A dirigente da categoria lembra as seguintes conquistas das Campanhas Nacionais Unificadas dos bancários:
- complementação salarial para afastados e a comissão permanente de saúde, de 1997;
- Licença-maternidade de 180 dias, de 2009;
- instrumento de combate ao assédio moral, de 2010;
- proibição da publicação do ranking de performance, de 2011;
- proibição de envio de mensagens com cobranças por metas, para os celulares dos bancários, em 2013;
- cláusula específica de combate ao assédio moral, em 2014;
- mesas específicas de debate entre bancos e representantes dos trabalhadores para reduzir as causas de adoecimento, de 2015;
- Licença-paternidade de 20 dias em 2016.
“São importantes conquistas, mas ainda temos muito a avançar para garantir um ambiente com melhores condições de trabalho para os bancários”, afirma Juvandia. “O modo de gestão dos bancos, calcado em metas abusivas, é ruim para os trabalhadores e também para os clientes. As instituições financeiras precisam cumprir sua função social de atender bem e promover um bom ambiente econômico para o crescimento nacional. Para isso, é fundamental criar mais empregos bancários e proporcionar aos bancários um ambiente de trabalho saudável que se reflita também para clientes e usuários. É isso que cobraremos nesta quinta-feira.”
Trabalhar em paz
Bancários, bancárias e clientes podem ajudar a pressionar os bancos por saúde, melhores condições de trabalho e consequentemente mais qualidade no atendimento utilizando nas redes sociais a #querotrabalharempaz. Um tuitaço está marcado para as 9h00 desta quinta-feira. Participe!
Fonte: Contraf-CUT