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Jornal da Contraf-CUT denuncia discriminação e defende igualdade racial

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18 de novembro 2014

A Contraf-CUT lançou ontem (17/11), em São Paulo, uma edição especial do Jornal dos Bancários, alusivo ao mês da Consciência Negra. O material reforça a campanha permanente da CUT sob o slogan "Basta de racismo no trabalho e na vida", como forma de mobilizar o conjunto dos Sindicatos e de Federações da categoria para a importância de conquistar igualdade racial.

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II Censo confirma discriminação racial

O material traz alguns dados do II Censo da Diversidade, realizado entre 17 de março e 9 de maio de 2014, com a participação de 187.411 bancários, de 18 instituições financeiras, o que representa 40,8% da categoria.

Os números do II Censo, divulgados no último dia 3 de novembro pela Febraban para a Contraf-CUT, durante reunião da Mesa Temática de Igualdades de Oportunidades, ainda estão sendo analisados, mas comprovam que negros e negras continuam sendo vítimas do racismo nos bancos e da carência de políticas afirmativas para garantir igualdade na contratação, na remuneração e na ascensão profissional.

Houve um pequeno crescimento da população negra nos bancos. Considerando pretos e pardos, passou de 19% para 24,7% entre 2008 e 2014. No entanto, essa presença é ainda inferior à participação dos negros na população brasileira, que é de 51%, segundo dados do Censo de 2010 do IBGE.

Queremos ações afirmativas pela igualdade racial nos bancos

Jair Sambudio, diretor do Sindicato de Londrina e representante da Fetec-CUT/PR na CGROS (Comissão de Gênero, Raça, Orientação Sexual, PCDs e Indígenas), afirma que os dados do II Censo da Diversidade comprovou que os bancos continuam praticando a discriminação, diferente da imagem que tentam passas nas peças publicitárias, muitas apresentadas por pessoas de diversas raças.

“O contingente de negros no setor financeiro é muito baixo, apesar de ter uma leve alteração desde que foi realizado o último Censo, mas mesmo assim é muito difícil ver afrodescendentes nos caixas ou até mesmo na gerência, que são a linha de frente dos bancos”, argumenta.

Com isto, para ele, os negros e negras se constituem num segmento invisível na categoria. “Infelizmente, a Febraban constatou isso no Censo, mas sequer apresentou um plano para corrigir essa distorção, assim como as outras reveladas com este levantamento”, completa.

De acordo com o Censo, a diferença de renda média mensal entre negros e brancos continua acentuada, apesar de ter caído de 15,9% para 12,7% entre 2008 e 2014. Entretanto, em determinadas regiões do país a distorção nos rendimentos é maior ainda. No Sudeste ela chega a ser de 18,8%. 

“Se for levada em conta a remuneração das bancárias negras com a dos bancários brancos, as diferenças são ainda maiores, chegando a 31,8% em média no país. Na região sudeste as mulheres chegam a ganhar até 38% a menos do que os homens”, destaca Jair. 

Para ele, a Campanha "Basta de racismo no trabalho e na vida", precisa ser abraçada por todos como forma de eliminar essa discriminação racial existente no país, não só no setor financeiro, como nos demais que também a praticam.

“Temos que lutar pela valorização da diversidade brasileira, que é responsável pela construção de nossa cultura e costumes. O regime de escravidão acabou há 126 anos, mas ainda existe uma discriminação forte contra a população negra, impedindo que tenhamos uma sociedade pautada por valores e direitos iguais a todos”, ressalta Jair Sambudio.

Fonte: Contraf-CUT