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Atividades no domingo (20/11) devem levar 1 milhão de pessoas para as ruas

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18 de novembro 2016

A 13ª Marcha da Consciência Negra, a ser realizada no domingo (20/11), Dia da Consciência Negra, deve mobilizar 1 milhão de pessoas nas atividades programadas em diversas cidades brasileiras, conforme estimam lideranças do movimento negro.

O mote deste ano vai ser o mesmo que já está nas ruas e Redes Sociais: “Fora, Temer!” e “Nenhum direito a menos”.

Um dos alvos dos protestos é a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 55, editada pelo governo Michel Temer (PMDB), que propõe o congelamento dos orçamentos públicos por 20 anos, o que certamente inviabilizará importantes programas sociais e até mesmo os serviços oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Os manifestantes também vão protestar contra a anulação pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, em setembro, do julgamento de 73 policiais militares envolvidos no caso do massacre do Carandiru. No episódio, 111 internos do presídio foram assassinados pela polícia, após uma rebelião na casa de detenção, em 2 de outubro de 1992.

“Nós temos críticas, mas é inegável que houve diversos avanços nas políticas afirmativas nos últimos anos. Um exemplo são as trabalhadoras domésticas, que havia 30 anos reivindicavam os mesmos diretos dos demais trabalhadores”, afirmou a coordenadora nacional de Entidades Negras, Sandra Mariano, em alusão à PEC das Domésticas, aprovada em 2013 para garantir direitos trabalhistas à categoria, como Fundo de Garantia, folgas semanais remuneradas e férias. “Com a PEC que congela salários e impõe uma reforma da Previdência nós voltaremos ao tempo da escravidão.”

Os principais atos ocorrerão em São Paulo, Bahia, Minas Gerais e em Porto Alegre.

Extermínio

A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Anualmente, 23.100 jovens negros de 15 a 29 anos são mortos. A taxa de homicídios entre jovens negros é quase quatro vezes a verificada entre os brancos, segundo dados do relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o Assassinato de Jovens no Senado, encerrada em junho deste ano

“Em São Paulo, o ato terá uma importância especial porque aqui é o centro da direita, com a elite paulista, que está à frente do golpe. Temer é daqui e o atual ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, também”, afirmou o integrante da organização Convergências da Luta de Combate ao Racismo no Brasil Flávio Jorge.

Durante o ato, haverá ações de defesa dos direitos das mulheres negras, com pautas específicas, como uma política de comunicação não sexista e que enfrente o racismo, o reconhecimento e preservação dos saberes das populações tradicionais, legalização do aborto e direitos sexuais e reprodutivos, por igualdade salarial e por uma política de saúde efetiva para as mulheres negras.

“Desde novembro do ano passado entregamos diversos documentos exigindo políticas para as mulheres negras para secretarias e para a Assembleia Legislativa e acreditamos que com o golpe será mais difícil dialogar”, lamentou a integrante do Núcleo Impulsor do Estado de São Paulo da Marcha das Mulheres Negras Luka Franca. “Com os cortes do governo golpista, ações de combate ao feminicídio vão parar porque a rede de apoio para combater a violência enfraquecerá.”

O número de homicídios de mulheres negras aumentou 54,2% entre 2003 e 2013, passando de 1.864 para 2.875, segundo o Mapa da Violência 2015. Nesse período, o total de assassinatos de mulheres brancas caiu 9,8%. As mulheres negras são também as maiores vítimas de estupros e de violência doméstica no Brasil, representando 60% das agredidas por pessoas conhecidas em 2013, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE. “Isso escancara a objetificação da mulher negra, que não é vista como ser humano”, critica Luka.

Fonte: Rede Brasil Atual