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Carta Aberta ao novo presidente do Santander critica abertura aos sábados

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19 de janeiro 2022

As entidades representativas dos funcionários e funcionárias do Santander redigiram uma Carta Aberta dirigida ao novo presidente do banco no Brasil, Mario Roberto Opice Leão, que assumiu o comando da instituição no início de janeiro.

Respeitosamente, o documento deseja uma excelente gestão ao novo presidente, ressaltando, porém, que a mesma seja pautada pela democracia, diálogo e respeito, não só para os acionistas do Santander, mas, também, para os trabalhadores e clientes.

Segundo o diretor do Sindicato de Londrina e coordenador da COE (Comissão de Organização dos Empregados) do Santander junto à Fetec-CUT/PR (Federação dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito do Paraná), Leonardo Rentz, a Carta Aberta é uma resposta à convocação feita pelo banco, no intervalo do programa Fantástico, da Rede Globo, para trabalhar no sábado (22/01) no lançamento do projeto “Desendivida”.

“Nós do movimento sindical, assim como os funcionários e funcionárias do Santander, não concordamos com o trabalho aos sábados para realizar um procedimento que pode muito bem ser feito de segunda a sexta-feira nas agências durante o horário normal. Também não aceitamos que essa jornada feita em um dia de descanso não seja remunerada, como quer o banco, porque isso é uma exploração e desrespeito à legislação trabalhista”, argumenta Leonardo.

A Carta Aberta lembra ainda que essa jogada de marketing do Santander não leva em conta o agravamento da pandemia no País e coloca em risco os funcionários, aumentando a exposição ao vírus.

Leia abaixo a Carta Aberta dirigida ao novo presidente do Santander:

Carta Aberta ao Sr. Mario Roberto Opice Leão, novo presidente do Santander no Brasil

Nós, trabalhadores do Santander de todo o País, organizados em nossas entidades representativas, viemos a público desejar boas vindas ao novo presidente do Santander no Brasil, o senhor Mario Roberto Opice Leão, que assumiu o comando do banco em janeiro deste ano.

Esperamos e desejamos que sua gestão seja pautada pela democracia, diálogo e respeito. Que seja uma gestão excelente não só para os acionistas do Santander, mas também para trabalhadores e clientes.

Por outro lado, não podemos deixar de lhe apontar - e até mesmo alertá-lo, uma vez que acaba de assumir a presidência do banco - a justa indignação dos bancários do Santander com relação ao projeto Desendivida. 

No último domingo, 16 de janeiro, os trabalhadores do Santander foram surpreendidos com a veiculação de uma peça publicitária, em televisão aberta, que anunciava a abertura das agências no próximo sábado, 22 de janeiro, para o lançamento do projeto Desindivida, que tem como objetivo a renegociação de dívidas. 

Ou seja, os trabalhadores do Santander impactados pelo lançamento do projeto foram comunicados pela televisão, em pleno domingo, de que teriam de trabalhar no sábado, renunciando de forma abrupta e compulsória ao convívio familiar e ao lazer, sem o pagamento de horas extras, que serão compensadas.   

Um desrespeito por homens e mulheres, pais e mães de família, que constroem os resultados do banco diariamente e fazem do Brasil a operação mais lucrativa do Grupo Santander. 

A convocação de bancários para trabalho em agências no sábado - além de violar a legislação trabalhista, a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria e atropelar o processo negocial com a representação dos trabalhadores - ocorre em meio a uma explosão de casos de Covid-19 e de Influenza, assim como seu subtipo H3N2. 

No último domingo, 16 de janeiro, mesmo dia em que o Santander anunciou o projeto Desendivida em televisão aberta, o Brasil registrou 31.629 novos casos conhecidos de Covid-19. Com isso, a média móvel de casos nos últimos sete dias foi de 69.235, a maior desde o dia 27 de junho de 2021. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de +721%, indicando fortíssima tendência de alta nos casos da doença.

É neste cenário que o Santander convoca bancários para trabalharem mais um dia na semana, aumentando a exposição ao vírus. 

Elogiamos sim a iniciativa de promover renegociações de dívidas, mas temos plena convicção de que esta ação seria plenamente possível de segunda a sexta-feira, em horário normal de atendimento. 

Entendemos que a abertura no sábado para o lançamento do projeto trata-se de mero marketing, que desrespeita direitos dos bancários impactados e também ignora de forma irresponsável a pandemia que assola o País e o mundo. 

É absurdo que o Santander privilegie uma ação de marketing em detrimento da saúde e da vida de seus funcionários. 

Respeitosamente, questionamos o novo presidente do Santander, Mario Roberto Opice Leão, se realmente é desta forma que ele gostaria de iniciar sua gestão à frente do banco? 

Por fim, reivindicamos que o Santander, na pessoa do seu novo presidente no Brasil, abra com urgência uma negociação com a representação dos trabalhadores e reveja o quanto antes a iniciativa de abrir as agências no sábado para o lançamento do projeto Desindivida. 

Nós, trabalhadores do Santander, merecemos respeito. 

Assinam esta carta:

Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro

Contraf-CUT/SP

Fetec-CUT/SP

Fetec-CUT/SP

Federa-CUT/RJ

Feeb SP/MS

Feeb BA/SE

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