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Deputados falam na 21ª Conferência sobre dificuldades de minimizar perdas dos trabalhadores

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20 de julho 2019


O deputado Aliel Machado falou sobre a dificuldade de convencer eleitores sobre os efeitos da reforma da Previdência

Sandro Silva, técnico do Dieese no Paraná destacou as mudanças feitas no texto da reforma da Previdência na Câmara

Ainda que os esforços capitaneados pelos sindicatos de mobilização popular contra a reforma da Previdência sejam ostensivos, a quantidade de votos de aprovação na Câmara Federal da PEC 6/2019 no primeiro turno surpreendeu a bancada de oposição. Essa é uma avaliação do deputado federal Ênio Verri (PT-PR), em exposição durante painel da 21ª Conferência Estadual dos Bancários do Paraná, realizado em Londrina na tarde deste sábado (20/07).

O deputado acredita, ainda, que os 379 votos a favor são uma aposta da “absoluta falta de mobilização que tivemos contra a Reforma da Previdência”, declarou. O deputado federal Aliel Machado (PSB- PR) também declarou que ainda tenta entender o porquê “as pessoas mais simples ainda estarem anestesiadas parecendo zumbis”, também falando sobre falta de mobilização popular. Contudo, ele entende que “nós temos que pensar por essas pessoas, pelo pai de família que não sabe o que vai dar de comer de noite para seu filho”, explica.

A tramitação da Reforma da Previdência ainda depende de votação em segundo turno na Câmara, que deve ocorrer a partir de 06 de agosto, com o final do recesso parlamentar. Aliel, que é parte da comissão especial que analisou a PEC antes da votação em plenário, exemplificou em sua fala que o tema é complexo e mesmo com a melhor equipe de análise, a cada proposta de mudança no texto ainda ficava muita dúvida sobre como dimensionar os impactos, “a maldade”, segundo palavras dele.

Ambos os deputados acreditam que o que está por trás da Reforma da Previdência, de desvincular a seguridade social da constituição, é a intenção de implantar a capitalização, que “acaba com a Constituição Federal de 1988”, diz Verri.

O deputado Verri defendeu que um dos ganhos da luta contra a Reforma da Previdência foi a união de seis partidos (PT, Rede, PSol, PC do B, PSB e PDT) como um bloco de oposição, uma minoria combativa. Ele também reforça que a votação em segundo turno ainda dá todas as condições para o movimento sindical continuar a pressão e que o desafio é essa capacidade de articulação com a bancada na Câmara. Mas ele explica que é verdade que cada deputado que votou a favor da reforma recebeu R$ 20 milhões a mais em emendas (utilizadas para obras nos municípios de origem) e que na votação em segundo turno serão mais R$ 20 milhões em emendas para cada um.

Dos 30 deputados federais do Paraná somente seis votaram contra a Reforma da Previdência. Aliel Machado contou sobre a origem humilde de sua família, que mora num bairro pobre de Ponta Grossa, que seu eleitorado para se eleger deputado federal foi de 80% na cidade, em que numa pesquisa feita pelo seu mandato, mais de 50% declarou ser a favor da reforma, mas 70% desses mesmos eleitores declararam entender que seriam prejudicados.

Mesmo com posicionamentos em desacordo com o da população que o elegeu, o deputado paranaense declarou que prefere não negar seu histórico de lutas no movimento estudantil, o que o deixou numa situação difícil desde que votou contra o impeachment da presidenta Dilma.

Aliel acredita que o parlamento conservador é reflexo da maioria da população, “do que está aqui fora” e que ele tenta entender “nossos erros como formadores de opinião”, especialmente na questão da reforma da Previdência.

Ainda na tarde deste sábado (20), o economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Sandro Silva, fez uma apresentação sobre as modificações da PEC 6/2019 que está tramitando da Câmara dos Deputados.

A 21ª Conferência Estadual dos Bancários continua domingo (21/07), com um painel sobre a defesa dos bancos públicos, aprovação das propostas para a 21ª Conferência Nacional dos Bancários e a eleição da delegação do Paraná para o evento.

Por Paula Zarth Padilha
Foto Armando Duarte Jr.
FETEC-CUT-PR