Direitos do trabalhador

CUT

Milhares de pessoas se manifestam em prol da pauta da Classe Trabalhadora no DF

Milhares de pessoas se manifestam em prol da pauta da Classe Trabalhadora no DF

22 de maio de 2024

“Sabemos que o Congresso não é nada fácil, temos minoria e as nossas pautas só vão ter sucesso com muita mobilização e muita luta”, disse o presidente da CUT

Presidente da CUT, Sérgio Nobre fala durante a marcha dos trabalhadores e trabalhadoras – Foto Gilberto Soares (Giba)

Milhares de trabalhadores e trabalhadoras, oriundos de todos os cantos do país, se reuniram nesta quarta-feira (22/05), em Brasília, para uma marcha e plenária, em defesa da pauta da Classe Trabalhadora, que tem entre suas reivindicações a reconstrução do estado do Rio Grande do Sul, a revogação do Ensino Médio, o trabalho decente, menos juros e a correção da tabela do Imposto de Renda, entre outras. Veja abaixo quais são.

A concentração pela manhã foi no estacionamento da Torre da TV e a antiga Funarte. Depois de uma plenária e de discursos de representantes do governo federal e entidades sindicais para o público presente, os trabalhadores saíram em marcha e se manifestarem em frente ao Congresso Nacional.

A CUT foi uma das entidades sindicais responsáveis pelo evento e seu presidente Sérgio Nobre, destacou que a marcha foi definida no último Congresso da entidade, em outubro do ano passado. Nobre elogiou a unidade da Classe Trabalhadora, a qual considera fundamental para que a pautas e reivindicações sejam atendidas, diante de um Congresso Nacional formado em sua maioria por conservadores e empresários.

“Nós sabíamos desse importante período, e a gente dá uma demonstração de unidade, de força, em relação à nossa pauta da Classe Trabalhadora. Sabemos que o Congresso não é nada fácil, temos minoria e as nossas pautas só vão ter sucesso com muita mobilização e muita luta. Trabalho institucional é fundamental, mas povo na rua é determinante também. Dia 22, hoje é um dia histórico, porque muita gente aqui em Brasília atendeu ao nosso chamado, em defesa da pauta da Classe Trabalhadora”, declarou o presidente da CUT.

“A marcha que nós fizemos aqui é muito vitoriosa. Eu sei da dificuldade de cada um para estar aqui, nós não temos financiamento, as centrais sindicais, desde 2017. Eles achavam que com isso iam impedir a gente de lutar pelos direitos da Classe Trabalhadora. Eles estão muito enganados e essa marcha é a prova. Mesmo sem recursos o povo se organizou veio do Brasil inteiro para Brasília, atendendo o nosso chamado porque sabe o quanto é importante a nossa marcha”, declarou.

Mobilização permanente e reunião com Lira

O presidente da CUT também destacou que haverá uma mobilização permanente dos trabalhadores em Brasília, para pressionar o Congresso Nacional, a fim de evitar mais retrocessos dos direitos e da organização sindical.

Nobre disse ainda que haverá uma reunião com a CUT e as demais centrais, a partir das 17 horas com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PL-AL), e o fato da manifestação ter reunido milhares de pessoas será um ponto a ser destacado no encontro.

“Quero dizer aos companheiros e companheiros que o Arthur Lira vai receber a gente, e vamos chegar lá com muita moral. Porque vamos falar pro Lira você viu quantas pessoas a gente colocou na rua”. Respeita a Classe Trabalhadora. E vamos dizer para ele o seguinte, nós vamos estar aqui de maneira permanente. Esse é um compromisso que a gente tem que ter aqui entre nós”, contou.

“Toda semana o bolsonarista Rogério Marinho [senador do PL-RN], quer aprovar um projeto desmontando o modelo sindical e impedindo que os sindicatos tenham financiamento, e por isso a gente tem que estar aqui, toda semana organizado. Nós vamos cobrar dentro do Congresso Nacional e defender permanentemente os nossos direitos”, complementou.

Nobre destacou ainda que é preciso enfrentar a direita dentro do Congresso Nacional e para isso, é preciso atualizar o nosso modelo sindical e recuperar o financiamento. “Nós vamos ter projetos importantíssimos lá, a Convenção 151, os direitos dos trabalhadores por aplicativos, que por vezes ficam sozinhos aqui enfrentando a direita dentro do Congresso Nacional, e o modelo sindical, que nós precisamos atualizar, recuperar o financiamento sindical não para fazer burocracia, é para fazer a luta. Vamos precisar de muita gente permanentemente na rua e aqui em Brasília, nesse período nos próximos três meses”, concluiu.

Plenária e defesa da pauta da Classe Trabalhadora

Durante o ato houve uma plenária em que os sindicalistas e os trabalhadores conversaram com representantes do governo federal. No evento, a vice-presidenta da CUT Nacional, Juvandia Moreira, ressaltou a plenária unitária da Classe Trabalhadora das Centrais Sindicais.

“Nós tivemos trabalhadoras e trabalhadores do campo, da cidade, que lutam pela reconstrução do estado do Rio Grande do Sul, estamos também apresentando as principais bandeiras da Classe Trabalhadora como o direito à organização sindical forte, a defesa da democracia. Então, nossa pauta hoje foi atualizada e nós vamos agora para o Congresso e também vamos dialogar com os ministérios, para que elas [reivindicações] se transformem em política concreta”, disse Juvandia.

A dirigente destacou ainda as eleições municipais deste ano que, segundo ela, é importante que os candidatos e as candidatas da Classe Trabalhadora sejam eleitos.

Ainda sobre a plenária, o secretário-geral da CUT Nacional, Renato Zulato, disse que foi entregue a pauta da Classe Trabalhadora ao ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.

“O ministro se comprometeu a continuar o diálogo junto com o governo federal. Aliás, todos os ministros que falaram na plenária, tiveram compreensão da necessidade que faz essa mobilização das centrais sindicais e dos trabalhadores para fortalecer o governo e para que os direitos trabalhadores sejam atendidos”, contou Zulato.

O presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadores em Educação), Heleno Araújo disse que a manifestação era importante porque cada cidadão e cidadão desse país têm o direito de acesso às políticas públicas e à educação pública. A categoria reivindica a revogação do Novo Ensino Médio.

“Essa manifestação continua em cada município do nosso país para continuarmos lutando e defendendo os serviços públicos, a educação pública, os direitos da Classe Trabalhadora. Estamos continuando a luta até a vitória de nossas conquistas”, declarou Araújo.

O presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares), Aristides Santos, reforçou o apoio da categoria aos servidores públicos. Segundo ele, sem serviços públicos não há atendimento no campo, nem na cidade.

“Nós estamos aqui também defendo o Grito da Terra Brasil, onde apresentamos uma pauta para o governo, para enfrentar os danos ambientais e ter juros mais baratos para que a gente possa produzir alimentos saudáveis e somos nós, quem alimenta a maioria da população brasileira”, afirmou. A Contag realizou nos dois últimos dias, o 14º Grito da Terra Brasil em que reuniu 10 mil agricultores familiares.

O secretário de Administração e Finanças da CUT Nacional, professor e servidor público municipal, Ariovaldo de Camargo disse que o ato foi uma forma de chamar a atenção da sociedade e do governo, para as pautas que precisam sair do papel e se tornarem realidade.

Uma delas é a convenção nº 151, da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que assegura aos trabalhadores e trabalhadoras do serviço público das esferas municipal, estadual e federal do Brasil, o direito à liberdade sindical e à negociação coletiva. O governo brasileiro assinou a convenção em 2010, mas ainda não houve a regulamentação necessária para que a regra seja posta em prática.

O dirigente ainda defendeu ainda a reconstrução do Rio Grande do Sul, a transição justa, que é uma proposta sindical para que os trabalhadores não sejam os mais afetados pela necessária construção de uma economia de baixo carbono.

“É preciso que possamos [servidores] sentar à mesa de negociação, negociar uma proposta para que não aconteça uma guerra entre os governos e sindicado. Portanto, é obrigatório que haja dentro da legislação essa convenção. Sobre o meio ambiente, não basta apenas sermos solidários, é preciso ampliar o mecanismo que impeça o aquecimento global e, por isso defendemos a transição justa, para que a gente possa fazer o meio ambiente, não um meio, mas um todo e, que possamos ter um ambiente propício do ponto de vista climático, da geração de trabalho e do trabalho decente”, finalizou Ariovaldo de Camargo.

Agenda Jurídica

Durante a Plenária da Classe Trabalhadora, foi lançada a “Agenda Jurídica das Centrais Sindicais no STF – 2024”. O material é dividido por tema e destaca os principais processos que podem impactar a vida dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras.

Acesse a Agenda por meio deste link.

Pauta de reivindicações

  • Pela reconstrução do estado do Rio Grande do Sul e por medidas de proteção e amparo a seus trabalhadores e trabalhadoras;
  • Educação: Revogação do Novo Ensino Médio;
  • Valorização do Serviço Público: Contra a PEC 32/Reforma Administrativa;
  • Em defesa da Convenção 151/defesa da negociação coletiva;
  • Trabalho decente: redução da jornada de trabalho e empregos decentes;
  • Salário igual para trabalho igual – Em defesa da Lei de Igualdade Salarial entre Homens e Mulheres;
  • Reforma agrária e alimento no prato!
  • Menos impostos para trabalhadores: juros baixos e correção da tabela de Imposto de Renda;
  • Valorização do salário mínimo e das aposentadorias;
  • Transição justa e ecológica em defesa da vida;
  • Em defesa do PLC 12/24, por Direitos dos Motoristas por Aplicativos.

Por: André Accarini, com edição de Rosely Rocha/CUT Nacional

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