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Economista do Dieese avalia o cenário da negociação deste ano

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22 de junho 2015

Na Conferência Regional dos Bancários de Curitiba e região, realizada no dia 20/06, o economista do Dieese Fabiano Camargo da Silva falou sobre conjuntura econômica, cenário para as negociações coletivas e expôs dados sobre bancos e a categoria bancária. Veja as principais partes da apresentação:

Conjuntura econômica

Fabiano explicou que o cenário nacional em 2015 é de aumento da taxa Selic, utilizada como único instrumento do Governo Federal sob a justificativa de redução da inflação. Contudo, o economista explica que a medida não afeta as causas da inflação, que no cenário atual são o aumento no valor da energia, dos combustíveis e alimentos.

"A Selic não reduz a inflação e afeta negativamente o crescimento econômico, beneficiando empresários que ganham mais dinheiro com o mercado financeiro", contextualiza o representante do Dieese. Somente em 2014, foram destinados R$ 300 bilhões para o pagamento de dívida pública, valor equivalente a 10 mil bolsas famílias no ano.

Outros fatores que afetam a conjuntura: saldo negativo da balança comercial (maior importação e menor exportação); desaceleração das vendas do comércio; queda na produção industrial com redução da participação da indústria na economia, afetando a oferta de emprego. A redução do ritmo de concessão de crédito também afeta negativamente a economia.

Emprego e desemprego

De acordo com dados da Rais, entre 2003 e 2013 o Brasil criou 20 milhões de empregos formais. A partir de 2011, começa a desaceleração na geração de empregos.Os dados do Caged, que apura a movimentação entre admitidos e desligados, mostram que entre janeiro e abril de 2015 foram eliminados 162,7 mil postos de trabalho, sendo que de 2000 a 2014 o saldo foi positivo. 

"O avanço do desemprego, que estava em queda, é consequência das políticas econômicas adotadas pelo Governo Federal e pelos Governos Estaduais.

Inflação para a data-base

De acordo com estimativas do Dieese, a inflação para a data-base da categoria bancária em 1º de setembro será de 9,17%. Nos anos anteriores, os índices foram de 6,35% (2014); 6,07% (2013); 5,39% (2012); e 7,4% (2011).

"Neste ano, as negociações coletivas terão redução no patamar de ganho real. Em 2015, as negociações continuam com reajustes acima da inflação, mas em média de menos de 1%", analisa Fabiano. Até 2003, em quase 60% das negociações o reajuste salarial não contemplava sequer a reposição da inflação, cenário que muda a partir de 2004. Nos anos de 2012 e 2014, em 93% das negociações coletivas os trabalhadores conquistaram ganho real.

Para Fabiano, é o pior cenário desde 2003, o que não é nada animador, já que contempla a queda do PIB (Produto Interno Bruto), o aumento da inflação e medidas de ajuste. "O aumento de impostos e o corte de investimentos são políticas que já não deram certo nos anos 1990, no período chamado de austeridade, que não contribuem em nada para o crescimento econômico e que o Brasil tem adotado atualmente".

Setor bancário no Brasil

De acordo com pesquisa do Dieese/Rede Bancários, há tendência na redução do número de bancos e de bancários; os juros, a rentabilidade e a lucratividade estão elevadas; os serviços são de baixa qualidade; há investimento maior em tecnologia do que no emprego; exclusão de grande parte da população com o aumento dos correspondentes bancários; disseminação do mobile banking. Mas os lucros continuam crescendo. 

Em 2014, os cinco maiores bancos que atuam no país somaram lucro líquido de R$ 59,7 bilhões, crescimento médio de 16,47%. Já no primeiro trimestre de 2015, os bancos lucraram 40% a mais que no mesmo período do ano anterior. A rentabilidade continua elevada: em quatro anos, Caixa e Itaú dobraram seus patrimônios; a inadimplência nos bancos privados está em queda. Em contrapartida, os bancos avançam nas provisões para devedores duvidosos. Para Fabiano, os bancos usam os PDDs como instrumento para pagar menos impostos, diminuírem seus lucros e distribuírem menor valor de PLR.

Em 2014, as receitas com tarifas e serviços somaram R$ 106,7 bilhões, valor suficiente para cobrir até duas folhas de pagamento em cada banco.Os postos de trabalho apresentaram redução em 2014 no setor bancário, com fechamento de 4.526 postos. Entre janeiro e abril de 2015 já foram fechados 2.135 postos de trabalho.

Para Elias Jordão, presidente do Sindicato de Curitiba, o cenário está claro: "A crise é para nós. Para os bancos não tem crise".

Fonte: Sindicato de Curitiba