Setor financeiro reduziu 9.621 postos de trabalho em 2017

22 de junho 2017
Os bancos fecharam 9.621 postos de trabalho no País entre janeiro e maio de 2017, de acordo com a PEB (Pesquisa do Emprego Bancário), realizada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), com base dados em dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
“Ao analisarmos os dados do Caged, podemos ver que o segmento das instituições financeiras é um dos que mais demitem no Brasil. Os balanços dos bancos mostram que eles são os que mais lucram em nosso País. Pior do que isso, apenas com o que arrecadam com cobranças de tarifas de serviços prestados aos clientes, sem contar os ganhos com as demais operações financeiras, altamente lucrativas, daria para pagar todas as despesas com os quadros de funcionários e ainda sobraria muito dinheiro. Eles não têm motivo para continuar com essa onda de demissões”, critica Roberto Von der Osten, presidente da Contraf-CUT.
O último mês com saldo positivo de empregos foi janeiro de 2016, quando houve mais contratações do que demissões. Desde então, foram registrados apenas saldos negativos, como pode ser observado no Gráfico 1.
GRÁFICO 1 Saldo do Emprego Bancário Brasil – janeiro/2016 a maio/2017 |
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Nenhum estado apresentou saldo positivo de emprego bancário, ou seja, todos tiveram fechamento de postos de trabalho. São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro foram os estados mais impactados por esse enxugamento do quadro, com fechamento de 2.804 (29,1%), 1.322 (13,7%) e 1.049 (10,9%) postos bancários, respectivamente, conforme demonstra o Gráfico 2.
GRÁFICO 2 Saldo do Emprego Bancário por UF Brasil - janeiro e maio de 2017 |
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Na segmentação por Setor de Atividade Econômica a análise do Dieese revela que os “bancos múltiplos com carteira comercial”, categoria que engloba bancos como, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, entre outros bancos menores, foi responsável pela maioria dos postos fechados (-4.960 postos ou 51,6% do total). A Caixa Econômica foi responsável pelo fechamento de 4.368 postos (45,4% do total de postos fechados). Esses dados revelam o impacto do PDVE (Plano de Desligamento Voluntário Extraordinário), anunciado pela Caixa Econômica Federal em 7 de janeiro de 2017.
Motivos dos Desligamentos
Do total de desligamentos nos bancos, 52% (9.573) foram sem justa causa. A participação dos desligamentos a pedido foi expressiva, 41% do total (7.505), devido à concentração dos desligamentos na Caixa Econômica Federal por meio do PDVE, que impactou principalmente o mês de março de 2017.
GRÁFICO 3 Desligados, segundo o tipo de desligamento Brasil – janeiro e maio de 2017 |
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Faixa Etária
Os bancários admitidos concentraram-se na faixa etária até 24 anos de idade, com saldo positivo em 2.457 postos. Como demonstra a Tabela 2, os desligamentos concentraram-se nas faixas etárias superiores a 25 anos e, especialmente, entre 50 a 64 anos, com fechamento de 6.597 postos de trabalho.
Tempo no Emprego
Entre os 18.324 desligados, 46,6% estavam no emprego há 10 anos ou mais e 18,4% permaneceram entre 5 e 10 anos no emprego.
Desigualdade entre Homens e Mulheres
As 4.409 mulheres admitidas nos bancos nos cinco primeiros meses de 2017 receberam, em média, R$ 3.530,69. Esse valor corresponde a 67,3% da remuneração média auferida pelos 4.294 homens contratados no mesmo período.
A diferença de remuneração entre homens e mulheres é observada também na demissão. As 9.306 mulheres que tiveram o vínculo de emprego rompido nos bancos entre janeiro e maio de 2017 recebiam, em média, R$ 6.397,68, o que representou 79,0% da remuneração média dos 9.018 homens que foram desligados dos bancos no período.
Veja análise completa do Dieese, com os gráficos e tabelas de dados.
Fonte: Contraf-CUT