Lotex pode ser vendida a ‘preço de banana’ a empresas estrangeiras

23 de janeiro 2019
O governo Michel Temer (MDB) bem que tentou, mas não conseguiu vender a Lotex, responsável pelas loterias instantâneas (raspadinhas) da Caixa Econômica Federal. Agora, o desmonte deste setor valioso pode ir a leilão no dia 5 de fevereiro.
Essa pode ser a primeira das privatizações que o governo Jair Bolsonaro (PSL) pretende fazer na Caixa.
Segundo informações divulgadas pela imprensa, há ao menos dois interessados: a empresa norte-americana Scientific Games International (SGI) e a inglesa International Game Technology (IGT, adquirida em 2015 pela Gtech), ambas já atuantes no mercado de jogos. As propostas deverão ser entregues até o próximo dia 30/01.
A venda da Lotex representa uma perda imensa para os brasileiros, já que arrecadação é alta e boa parte é investida pela Caixa, atual administradora, em programas sociais. Em 2017, por exemplo, as loterias Caixa registraram, de forma global, arrecadação próxima a R$ 14 bilhões. Desse montante quase metade (48%) foi destinado aos programas sociais. Se a venda for efetivada, o repasse deverá ser reduzido drasticamente.
O valor a ser arrecadado pelo leilão também mudou muito. Em 2016 especulava-se em até R$ 4 bilhões; no primeiro edital, em 2017, com concessão de 25 anos, o valor mínimo estava em quase um 1 bilhão. Mais recentemente a expectativa caiu ainda mais: segundo informações mais recentes, espera-se arrecadar R$ 642 milhões com o pagamento da outorga em três anos.
A concessão, agora, será por 15 anos, e o pagamento poderá ser parcelado em 4 vezes. O vencedor será o que apresentar o maior valor pela parcela inicial da outorga, considerando um piso de R$ 156 milhões e, uma vez concessionário, efetuará três pagamentos de R$ 162 milhões.
“É praticamente uma liquidação de um patrimônio brasileiro”, aponta Rita Serrano, representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa e coordenadora do Comitê em Defesa das Empresas Públicas.
Rita lembra que a mobilização dos empregados e da sociedade conseguiu prorrogar a venda e que o banco, apesar de sua expertise, mas, mesmo assim, foi proibido de participar do leilão.
“Fica muito claro que a intenção é facilitar a participação e venda a empresas estrangeiras, fazendo com que o Brasil perca sua soberania. São empresas que não têm interesse em investir no País, ganham altas cifras e enviam as divisas para suas matrizes no Exterior”, destaca.
Fonte: Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas