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CUT faz 30 anos e volta a palco histórico do movimento sindical

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23 de agosto 2013

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) celebrará três décadas de lutas no dia 28 de agosto no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, onde foi fundada. Dois dias depois (30/08), põe a militância nas ruas de todo o País em defesa da pauta da classe trabalhadora

Em 28 de agosto de 1983, pela voz e voto de mais de cinco mil homens e mulheres que vieram de todas as regiões do País, surgia a Central Única dos Trabalhadores. Em números exatos foram responsáveis pela criação da CUT 5.059 delegados, representando 912 entidades - 335 urbanos, 310 rurais, 134 associações pré-sindicais e 99 associações de funcionários públicos, cinco federações, oito entidades nacionais e confederações. Trabalhadores que ocuparam o galpão que um dia sediou o maior estúdio cinematográfico brasileiro, o extinto Vera Cruz, por onde passaram renomados artistas, tais como, por exemplo, Mazzaropi, Anselmo Duarte e outros.

No ABC paulista, berço do novo sindicalismo, o 1º Conclat (Congresso Nacional da Classe Trabalhadora) deu origem à primeira entidade intersindical e intercategorias em nível nacional construída após o golpe militar de 1964. Para boa parte dos jovens de hoje, com liberdade de se manifestar em um País com inflação inferior a um dígito e quase pleno emprego, é difícil imaginar a conjuntura da época da fundação da CUT.

O Brasil enfrentava crise econômica com inflação de 150% e índices manipulados desde anos anteriores; devia mais de US$ 100 bilhões. O mesmo FMI (Fundo Monetário Internacional) que pediu dinheiro emprestado ao Brasil no governo Lula era o bicho papão dos países pobres naquela época. O Brasil se rendeu e estendeu o chapéu ao Fundo rifando, assim, a sua soberania.

Um mês antes de a CUT ser fundada, houve greve geral em todo o País. Pudera, como efeito da recessão, apenas nos dois primeiros meses de 1983, a indústria paulista demitiu 47 mil trabalhadores, quase o total das demissões do ano anterior. O brasileiro vivia sob repressão, recessão, desemprego e com salários achatados e corroídos pelos índices inflacionários. Um cenário que levou o congresso de fundação da CUT a aprovar as lutas pelo fim da Lei de Segurança Nacional e do regime militar, o combate à política econômica do governo (o general João Batista Figueiredo era o presidente da República, à época), contra o desemprego, pela reforma agrária sob controle dos trabalhadores, reajustes trimestrais dos salários e liberdade e autonomia sindical. Lutava também pelo direito à cidadania e contra o autoritarismo dentro e fora dos locais de trabalho, recheados por "olheiros" da ditadura disfarçados de trabalhadores.

Para o primeiro ano de vida da CUT foi eleita uma coordenação que elegeu como coordenador-geral Jair Meneguelli, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema (hoje Metalúrgicos do ABC), que estava sob intervenção. Somente em 1984, a CUT elegeu uma direção com chapa completa e seu primeiro presidente também foi Meneguelli.

Começaria então a história de uma central que hoje está presente em todos os ramos de atividade econômica do país, com 3. 806 entidades filiadas, 7.847.077 de associados e 23.981.044 trabalhadores/as na base.

Escrito por: Vanilda Oliveira - CUT Nacional