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Na quarta (25/07) tem negociação sobre emprego. Bancos não têm razão para demitir

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24 de julho 2018

A definição de injustiça pode ser ilustrada pela relação entre o lucro e as demissões promovidas pelos bancos no Brasil.

Mesmo em um cenário econômico dos mais adversos, os bancos são um dos poucos setores que permanecem ganhando como sempre ganharam. Ainda assim, extinguem milhares de postos de trabalho todos os anos, agravando o desemprego que assola o Brasil desde o golpe.

Para Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), os bancos não têm razão para demitir e é isso que será cobrado na rodada de negociação de quarta-feira (25/07), com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos).

“Queremos respeito aos empregos e também garantir na CCT que os bancários não sejam trocados por trabalhadores terceirizados, nem pelas formas de contratação previstas na lei trabalhista do pós-golpe, como autônomos, interminentes”, reforça a dirigente que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, responsável por negociar com a Fenaban.

Em 2017, o lucro líquido dos cinco maiores (BB, Caixa Federal, Itaú, Bradesco e Santander) somou R$ 77,4 bilhões, 33,5% mais que em 2016. O primeiro trimestre de 2018 essa mesma toada foi seguida: o lucro dos cinco maiores somou R$ 20,6 bilhões, com alta de 20,4% em 12 meses.

Apesar de ganharem tanto, no ano passado extinguiram quase 20 mil postos de trabalho bancários. Entre janeiro de 2012 e junho de 2018 os bancos já extinguiram 57.045 postos de trabalho. Uma média de 731 desempregados por mês.

“Dados do IBGE dão conta de que um a cada quatro brasileiros estão a procura de emprego. Todo mundo tem um desempregado na família. E os bancos, com todo o lucro que têm, em vez de terem compromisso e não gerar ainda mais desempregos, estão contribuindo com esse desastre social”, critica a dirigente.

Sobrecarga que adoece e custa caro à sociedade

Além de levar o desemprego para milhares de famílias brasileiras, os cortes promovidos pelos bancos transtornam a rotina dos bancários, fazendo com que a quantidade de trabalho que cada um deve realizar só aumente. O número de clientes por empregado subiu 13,3% no Bradesco; 6,9% no Santander; 14% na Caixa; 6,9% no Itaú; 6,7% no BB. Isso se traduz em sobrecarga, estresse, pressão por metas, assédio moral e o consequente adoecimento.

“Um setor que bate recorde de lucratividade todos os anos há quase duas décadas, devolve à sociedade brasileira uma legião de desempregados e adoecidos”, ressalta Juvandia, lembrando que o setor foi responsável por apenas 1% dos empregos criados no país, mas 5% dos afastamentos por doença, entre 2012 e 2017 (de acordo com dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho).

Assim, é também o que mais gera gastos ao INSS: 6% do total de recursos para afastados são consequência do modo de gestão dos bancos. São responsáveis, ainda, por 21,2% do total de afastamentos do trabalho por transtorno depressivo recorrente, 18% por transtornos de ansiedade, 14,6% por reações ao estresse grave e 17,1% do total de afastamentos do trabalho por episódios depressivos.

Fonte: Contraf-CUT