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Caixa mantém postura de desrespeito às reivindicações dos empregados

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24 de agosto 2016

Decepção. Foi com esse sentimento que integrantes da CEE (Comissão Executiva dos Empregados), que assessora o Comando Nacional dos Bancários, saiu da segunda rodada de negociação específica com a Caixa Econômica Federal, realizada na tarde desta quarta-feira (24/8), em São Paulo.

Os debates foram iniciados peço tema saúde do trabalhador e condições de trabalho. A CEE reivindica o custeio integral pela Caixa do tratamento das doenças do trabalho, inclusive para os empregados e empregadas aposentados em decorrência de invalidez por acidente de trabalho, incluindo terapias alternativas, medicamentos, tratamentos psicológicos e psiquiátricos em situação de assédio moral e outros tipos de violência organizacional, e traumas pós-assalto/ sequestro, extensivo aos dependentes incluindo deslocamento. Além da realização de pesquisa e mapeamento do perfil do bancário da Caixa, criação de uma política de saúde mental e abertura obrigatória de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) em caso de assalto e combate ao assédio moral e todas as formas de violência organizacional.

A Caixa disse que já custeia o tratamento, admitiu que desrespeita a norma das CAT, por não abri-la no período de 24 horas e sim só depois de avaliado por médico ou psicólogo e negou a criação de política de saúde mental com participação dos trabalhadores. O banco ainda afirmou que faz o combate ao assédio moral.

Os dirigentes sindicais então lembraram do caso da Centralizadora Nacional de Habitação, na qual os empregados continuam sofrendo assédio. Para piorar, a “remodelagem” – nome dado pela empresa – começou no dia 12 de agosto no local, que conta com 125 empregados, dos quais 37 foram realocados. Os trabalhadores tiveram redução salarial sem as garantias de reestruturação.

GDP

O fim do programa de GDP (Gestão de Desempenho de Pessoas) foi outro destaque deste encontro. Os bancários e bancárias da Caixa querem o fim do GDP com revogação de todos os efeitos das ondas anteriores e fim da imposição das metas, com adoção dos parâmetros definidos.

A Caixa afirmou que o programa é voltado apenas a cargos de gerência, com o objetivo de desenvolvimento e planejamento de carreiras. Disse ainda que o programa vai continuar apenas com o público atual no próximo ciclo (6 meses).

Saúde Caixa

Pelo segundo ano consecutivo, a Caixa descumpre a utilização do superávit anual para melhorias no plano, que está previsto em ACT (Acordo Coletivo de Trabalho). Os representantes do banco afirmaram que isto ainda não foi aprovado pelo Conselho Diretor.

O banco também não deu retorno quanto às reivindicações de segregação operacional contábil e financeira dos seus recursos, com a criação de um fundo que os remunere, com auditagem externa, por empresa avalizada pelos conselheiros de usuários eleitos e pela CEE/Caixa e a transformação do caráter do conselho de usuários em deliberativo.

Funcef

A categoria reivindica a quitação do contencioso da Caixa com a Funcef, relacionadas às ações que tenham origem em descumprimento de direitos trabalhistas, bem como ao aporte de recursos referentes ao serviço passado em condenações e a manutenção do Fundo para Revisão de Benefícios, artigo 115 do regulamento do REG/ Replan saldado, e artigo 91 do novo Plano, como instrumento permanente da política de aumentos reais para os benefícios.

“A Caixa tinha um compromisso, desde o ano passado, de montar um grupo tripartite junto com a Funcef e não viabilizou. É mais um desrespeito ao acordo coletivo”, lembrou Dionísio.

Aposentados

Para os aposentados, a categoria pede a criação de programa de renegociação de dívidas pela Caixa que permita a junção de valores devidos à Caixa e à Funcef, em até 120 meses com a menor taxa de juros praticadas pela Caixa. Além da criação de GT para análise de processos judiciais propostos por empregados, aposentados e pensionistas, com objetos idênticos e reiteradas decisões jurídicas favoráveis aos autores, de modo a encerrar.

O Banco informou apenas que oferece programação de educação financeira e condições especiais para linha de crédito com as menores taxas.

Infraestrutura das unidades

Outra reivindicação é a alteração do RH184, com a extinção do caixa minuto, avaliador minuto e tesoureiro minuto. O banco confirma a extinção da função de caixa, retirado do Plano de Funções Gratificadas.

Os bancários apresentaram ainda o desejo da garantia de participação dos empregados nas unidades de estrutura física e de pessoal. Mais uma vez a Caixa deu um retorno evasivo, ao dizer que faz estudos sobre a questão, sem citar a participação dos trabalhadores.

Segurança Bancária

Os empregados da Caixa reivindicam que o banco assuma a responsabilidade pelas perdas e danos decorrentes de problemas de segurança, incluindo a não responsabilização civil dos empregados em caso de fraudes ou golpes de terceiros contra a Caixa. Também o aperfeiçoamento da crítica nos sistemas e aplicativos, impedindo operações em desacordo com os manuais normativos, os protegendo em casos de fraude.

A Caixa relembrou que tem um processo de apuração interno. Os bancários lembraram então que com a mudança no regulamento, há dois anos, existe a possibilidade de demissão do empregado antes que seja apreciado o seu retorno de última instância e isso tem de ser alterado.

Terceirização

Os empregados reivindicaram o fim da terceirização na Caixa. O Banco respondeu que respeita uma TAC. Então, os representantes dos trabalhadores lembraram que a Caixa sofreu investigação do Ministério Público de Minas pela terceirização da atividade fim.

Caixa 100% pública

Quanto ao não fatiamento da Caixa e a manutenção de todas as participações acionárias que a empresa detém atualmente, o banco se mostrou favorável a essa reivindicação, apesar de este posicionamento se não corresponder com as últimas medidas tomadas pela atual diretoria, no sentido de privatizar serviços extremamente rentáveis e estratégicos para o país, como a possibilidade de venda das loterias, cartões, da seguradora e, também, da perda do controle da gestão do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

A Caixa não apresentou nada em relação ao fim das horas extras negativas. Sobre a realização da Universidade Caixa, a orientação da bancada patronal é de que a negociação seja feita com cada gestor.

Outa novidade na negociação desta quarta-feira é a de que está garantida a função do supervisor de retaguarda na Girets e centralizadoras e a possibilidade de incorporação da função.

Organização do Movimento

O último ponto foi que a liberação dos delegados sindicais e representantes de entidades sindicais e associativas para participarem de reuniões, cursos, seminários, congressos e plenárias onde seja necessária à sua presença, seja feita de forma centralizada pelo banco.

A Caixa afirmou que deve continuar como está e que os Sindicatos que tiverem problema devem procurar a GENER (Gerencia Nacional de Negociação e Relacionamentos com os Empregados).

Para Amaury Soares, diretor do Sindicato de Londrina, essa postura dura da Caixa vai exigir muito esforço dos empregados e empregadas na Campanha Salarial deste ano.

“Temos quem mudar esse comportamento, fortalecendo os movimentos de pressão para arrancar da Caixa aquilo o que queremos em relação à remuneração, condições de trabalho e, principalmente sua a manutenção do seu papel enquanto banco público e a agente do desenvolvimento do nosso país”, avalia Amaury.

Fonte: Contraf-CUT