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Bancários paranaenses criam Fórum em Defesa da Caixa 100% Pública

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25 de maio 2015

Na sexta-feira (22/05), foi criado em Curitiba, durante Audiência Pública realizada no plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná, o Fórum Paranaense em Defesa da Caixa 100% Pública. 

A audiência foi coordenada pelo deputado estadual Tadeu Veneri, da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Casa do Povo. "A Caixa é um patrimônio de todos os brasileiros, mas poucos têm essa noção. Vamos ocupar esses espaços", falou. 

A primeira a fazer a defesa da Caixa como banco público foi Maria Rita Serrano, bancária há 26 anos, diretora do Sindicato da categoria no ABC e que será empossada nesta sexta na nova direção da Contraf-CUT. Maria Rita é uma das representantes dos trabalhadores eleita para o Conselho de Administração da Caixa, conquista implantada desde 2013. "É um espaço de fiscalização do banco e também de levar o olhar do trabalhador para dentro da empresa", disse.

Maria Rita traçou um histórico sobre a discussão da defesa da Caixa como banco público, que começou na década de 1990 com a leva de privatizações do governo FHC. "A gente sabia que alguma mudança ia acontecer, mas o formato não estava claro, a gente não sabia se seria privatização, incorporação ao Banco do Brasil ou se a Caixa ia fechar", relembra. "De 2002 pra cá, a Caixa só cresceu, dobrou o número de trabalhadores, se consolidou como empresa pública". 

Maria Rita explicou que a audiência pública e a criação do Fórum ocorrem no momento que apareceu um fato novo: o governo recuou. A a partir daí, durante a Audiência Pública, os representantes das diversas entidades defenderam seus motivos para continuar vigilantes.

Papel da Caixa como banco público

Informações apresentadas por Maria Rita Serrano

- A Caixa é o banco com maior número de clientes no país

- Nos anos 1980, era um banco de poupança, agora é um conglomerado com participação em várias empresas

- O corte de crédito drástico anunciado recentemente vai interferir no desenvolvimento do país

- O site da Caixa é o mais acessado no país entre todos os bancos 

- A Caixa injetou na economia em 2014 o equivalente a 13,4% do PIB (para comparar, a riqueza de toda a indústria no mesmo ano foi de 13% do PIB)

- Em 2014 a Caixa fechou o ano com 20% do crédito, 68% da habitação e 35% do mercado de poupança 

- É o principal operador dos programas sociais do governo federal

- Possui 132 milhões de contas ativas no FGTS

- As loterias arrecadaram R$ 13 bilhões, sendo que R$ 5 bilhões foram transferidos para os programas sociais

- Investiu R$ 236 milhões em esportes e R$ 14 milhões em projetos ambientais

- Tem 104 mil empregados. Só a Caixa aumentou o número de postos de trabalho nos últimos anos entre as instituições financeiras

- A Caixa passa para o tesouro, em média, 45% do seu lucro ao ano. Em 2014 esse índice chegou a 75% do lucro, sendo que o governo federal não aporta recursos para a Caixa desde 2012.

Expor para a sociedade

O Fórum Paranaense de Defesa da Caixa terá a missão de expor para a população a importância do papel da Caixa como banco público. "É um momento muito crítico, temos que fazer a defesa das instituições", disse a vice-prefeita de Curitiba Miriam Gonçalves. 

"São iniciativas como essa audiência pública que ajudam a gente a defender pontos importantes, não podemos perder o papel que o Estado deve ter na vida das pessoas", falou Jair Ferreira, presidente da Fenae. Ele também citou a greve dos professores, que já teve ações como a ocupação da Assembleia e o episódio do massacre do dia 29 de abril e as consequentes passeatas com cerca de 30 mil pessoas nas ruas. "A reação aqui no Paraná dá uma esperança grande e abre a perspectiva na defesa das causas sociais", disse. 

Para Junior Cesar Dias, presidente da Fetec-CUT-PR, o mercado financeiro há muito tempo está de olho na Caixa. "E nós sabemos que os programas sociais não interessam aos bancos privados. Vamos permanecer atentos, vigilantes e dizer ao governo federal, à população e aos banqueiros que sempre vamos defender a Caixa".

O presidente da FEEB Paraná, Gladir Basso, disse que os números mostram a força da Caixa, e são fatos que a população desconhece. Ele destacou a importância do espaço para o debate.

O presidente da APCEF, Jesse Krieger, disse que além de defender a Caixa como banco 100% público, é preciso combater também a abertura de capital da Caixa Seguros, venda que já foi anunciada pela presidenta do banco, Miriam Belchior.

O representante do Paraná na CEE Caixa, Genesio Cardoso, secretário de imprensa do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, argumentou que essa é uma discussão fundamental para os trabalhadores e para toda a sociedade brasileira. "A Comissão de Empregados da Caixa vem fazendo ações em todo o país desde que surgiu o boato da abertura de capital, quando a Dilma disse nos corredores de um café com jornalistas que essa possibilidade estava em estudo", disse. 

Genesio relembrou o abraço simbólico organizado pelo Sindicato. Em fevereiro, a população, os movimentos sociais e sindicais se uniram a bancários da Caixa e abraçaram simbolicamente do prédio administrativo do banco em Curitiba. "A gente tinha o receio de não ter gente suficiente, mas era tanta gente que foram três filas de pessoas em torno da agência", relembra o dirigente, emocionado. "A Caixa não se vende, a Caixa é do povo brasileiro".

Elias Jordão, presidente do Sindicato, falou que mesmo a Assembleia Legislativa sendo a Casa do Povo, que deve ser ocupada, os trabalhadores não se sentem bem vindos, mas a solidariedade de classe é sentida quando todos se juntam. Além de defender que todos devem continuar alertas com a questão da Caixa, Elias solicitou que uma audiência pública sobre o HSBC seja realizada urgente, também por intermédio do deputado Tadeu Veneri, e defendeu que o Banco do Brasil deve voltar a cumprir seu papel social. "Os bancos privados só visam o lucro. O HSBC assumiu o Bamerindus com 40 mil empregados, dizimou empregos e agora vira as costas para o país deixando o rastro do desemprego", alertou.

A bancária Marisa Stédile, atualmente na Secretaria Municipal do Trabalho de Curitiba, alertou que muitas entidades perderam de vista a disputa ideológica a partir das eleições de 2002. "A luta de classes deve estar bem posicionada no combate a ações nefastas para a população". Ela afirmou que esse é um ano de resistência, mas que não pensava que seria tão necessária a resistência. "Cada um dos 100 mil bancários da Caixa deve ser um guerreiro virtual. Não seremos vitoriosos se não tivermos a adesão do povo", conclamou.

O vice-presidente da CUT Márcio Kieller, também bancário, reforçou que todas as opiniões declaradas também expressam o que pensa a Central Única dos Trabalhadores e que a CUT-PR se posicionou logo após a declaração da presidenta Dilma, com a publicação de uma resolução política. "A Caixa é uma das principais fomentadoras das políticas do governo federal. A maioria da população é beneficiada pelos serviços da Caixa e a resistência demonstrada demoveu a intenção inicial da presidenta Dilma".

O Secretário Geral do Sindicato de Curitiba Antonio Fermino, bancário da Caixa, disse que o banco é um braço do governo e que se for pensado no viés do trabalhador, a Caixa é o principal financiador a longo prazo de municípios e estados, especialmente das obras de saneamento básico. "A Caixa é o banco que realiza sonhos, a Caixa é importante porque mudou a lógica desse país. Antes as pessoas queriam emprego, agora querem mais avanços", concluiu o dirigente.

A audiência pública contou com a presença de diversas lideranças bancárias do Paraná, incluindo representantes dos Sindicatos da categoria filiados à Fetec e de outras cidades.


Por Paula Padilha/Sindicato de Curitiba