Secretaria Estadual de Saúde admite colapso de leitos nos hospitais

26 de fevereiro 2021
O quadro de contaminação no Paraná é gravíssimo. O Estado está com 94% dos leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) para adultos ocupados. As regiões de Curitiba e Foz do Iguaçu são consideradas as mais graves, com ocupação de 95% e 98% respectivamente.
Durante reunião do Conselho Estadual de Saúde na quinta-feira (25/02), o governo foi questionado sobre a abertura de novos leitos para conter a superlotação e se conta com a disponibilização de “novos leitos a partir do óbito de pacientes internados”. A pergunta ficou sem resposta. A SESA (Secretaria de Estado da Saúde do Paraná) admitiu abrir apenas 50 vagas de leitos no Paraná em fevereiro e que sofre com a falta de equipamentos, profissionais de saúde e insumos. A única esperança é a vacina, uma vez que o isolamento social no Paraná falhou.
Na apresentação, a Secretária mostrou os dados com 773 pessoas internadas em enfermaria e 697 em UTI. O Estado está com 95% de ocupação na região Leste, que pertence a Curitiba. No Oeste, o índice de leitos ocupados é de 98%, com maior preocupação em Foz do Iguaçu, e no Noroeste com 91% de leitos ocupados. No Estado inteiro, a média é de 94% de UTI adulto.
Em Londrina, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, os leitos de UTI para adultos no HU (Hospital Universitário) estão com 92% de ocupação. Na enfermaria, esse índice sobe para 117%.
Confira aqui o Boletim da SESA
“Isso nos preocupa. A gente não pode ficar ampliando o leito o tempo todo. Ou não tem espaço, equipe, maca, equipamentos, respiradores. Estamos no limite e precisamos observar o uso da máscara e fazer higienização. A gente nunca teve taxa elevada de isolamento no Paraná. Nós não conseguimos”, admite Maria Goretti David Lopes, diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da SESA.
A conselheira Irene Rodrigues, representante da CUT Paraná, demonstrou preocupação com a superlotação na rede pública e privada. Ela perguntou quantos leitos novos foram abertos em 2021 e em fevereiro, quantas mortes em fevereiro eram de pessoas que estavam em leitos de UTI, se a superlotação de vagas tem sido amenizada pelos leitos desocupados por óbitos, o que Curitiba está fazendo para reduzir a ocupação e se os critérios para internação são os mesmos no mesmo período do ano passado e agora.
Segundo a SESA, “estamos em um quadro de extrema gravidade com ocupação acima de 90%. Estamos fazendo um esforço próximo a finitude. Ampliamos 50 leitos a mais em todo Estado em fevereiro: Sarandi, Maringá, Beltrão, Hospital Regional do Litoral e poderá ampliar em Corbélia. Falta espaço físico e o Estado está contingenciando hospitais para ter materiais para o tratamento da Covid”.
Os membros da Secretaria ainda disseram que “estamos no limite de equipes: médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos de enfermagem. Estamos em um momento de bastante dificuldade”. Por fim, de acordo com Goretti David Lopes, “arredondando os dados, de todos os pacientes confirmados com Covid em Unidades de Tratamento Intensivo, foram registradas 25 mil altas e 8,3 mil óbitos. A relação é de a cada 3 internados em UTI, um falece”, lamenta.
A esperança é a vacina, que chega a conta gotas
Durante a reunião foi informado que “a novidade é que o Boletim Epidemiológico agora conta com os vacinados”. O Paraná tem quase 300 mil vacinados. Destes, 286 mil receberam a primeira dose e 93 mil a segunda dose. O Paraná recebeu o quinto lote de vacinas, sendo 102 mil doses da AstraZeneca para serem usadas como primeira dose e 64,8 mil doses para segunda aplicação. O objetivo é vacinar 4 milhões de paranaenses na primeira fase.
Um dado preocupante na vacinação do Estado. Apenas 54% da população de idosos no Paraná foram vacinadas. Durante a reunião do Conselho foi feito um apelo para que as pessoas vão se vacinar, principalmente porque são o maior grupo de risco e onde se concentram as mortes.
Por Manoel Ramires/Porem.net