Brasil perde 20.832 postos de trabalho formal em 2017

27 de janeiro 2018
Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados na sexta-feira (26/01) pelo Ministério do Trabalho, revelam que o Brasil perdeu 20.832 postos de trabalho com carteira assinada em 2017.
De acordo com o órgão, foi o terceiro ano consecutivo com resultados negativos na geração de empregos no País.
Os números demonstram que a indústria, construção civil e administração pública fecharam empregos com carteira, enquanto comércio, serviços e agropecuária tiveram crescimento. O estoque de empregos com carteira é agora de 38,3 milhões.
O corte atingiu, principalmente, mulheres e pessoas de menor escolaridade. De acordo com o Caged, entre os demitidos estão quase 189 mil trabalhadores com ensino fundamental incompleto e 140 mil completo, enquanto o número de empregados com ensino médio aumentou em 303 mil. O mercado de trabalho tem 21.694 homens a mais e 42.526 mulheres a menos.
Como tem acontecido há algum tempo, o salário dos contratados é menor do que a remuneração dos demitidos. Em dezembro, o salário médio de admissão, conforme o Caged, foi de R$ 1.476,35, ante R$ 1.701,51 recebido pelos trabalhadores dispensados.
As funções que tiveram mais contratação em 2017 foram de alimentador de linha de produção, faxineiro, atendente de loja, embalador à mão e auxiliar de escritório. E as que mais tiveram corte foram pedreiro, supervisor e gerente administrativo, vigilante e gerente de loja/supermercado.
O setor que mais eliminou vagas foi a construção civil: 103.968 (-4,63%). A indústria de transformação fechou 19.900 (-0,27%), enquanto a administração pública, praticamente estável, perdeu 575 (-0,07%). O comércio abriu 40.087 (0,44%) e os serviços, 36.945 (0,22%). A maior alta foi da agropecuária, com 37.004 (2,41%).
Apenas no último mês do ano, como historicamente ocorre, houve redução do número de empregos: foram fechados 328.539 postos de trabalho (-0,85%). Só houve pequeno aumento no comércio, com 6.285 (0,07%). A indústria cortou 110.255 (-1,50%) e os serviços, 107.535 (-0,64%). Percentualmente, as maiores quedas foram apuradas na agropecuária (-2,76%, com menos 44.339 trabalhadores formais) e na construção (-2,39%, menos 52.157).
Consequências do trabalho intermitente
Fruto da reforma trabalhista e apresentado pelo governo Michel Temer (PMDB) como uma das "soluções" para o desemprego, o trabalho intermitente registrou 2.851 admissões e 277 dispensas apenas em dezembro do ano passado. Incluído em novembro, quando a Lei 13.467 entrou em vigor, são 5.971 admitidos e 330 dispensados, segundo dados do Ministério do Trabalho.
Enquanto o trabalho intermitente, que sindicalistas chamam de "legalização do bico", não chegou a criar 6 mil empregos temporários em novembro e dezembro e já dispensou 300, os "acordos" entre patrão e empregado para dispensa do trabalhador somaram perto de 7 mil (6.696) nesses dois meses.
Essa modalidade, também prevista na "reforma", permite a dispensa por comum acordo, em que o trabalhador abre mão de parte de suas verbas rescisórias.
Isso aconteceu, principalmente, com ocupações de menor remuneração, como auxiliares de escritório e assistentes administrativos. Também atingiu alimentadores de linha de produção, motoristas de ônibus e de caminhão, operadores de caixa e faxineiros, entre outras. Homens na maioria (58,6%) e de 30 a 49 anos (50,1%) e com até segundo grau completo (58,2%)
Já no trabalho intermitente, mais de dois terços (3.903) são assistentes de vendas, 57% são mulheres, 64% têm até 29 anos e 84% têm até o segundo grau completo.
Fonte: Rede Brasil Atual