Caos social é reflexo do desmonte das empresas públicas

29 de maio 2018
Além de mostrar a falta de legitimidade de Temer, a crise social gerada pela paralisação dos caminhoneiros deixa transparecer os problemas da política do governo para as empresas públicas, segundo Dionísio Reis, coordenador da CEE (Comissão de Executiva dos Empregados) da Caixa Econômica Federal.
“Não basta reduzir os impostos do diesel para solucionar a crise. O governo Temer, que não tem legitimidade nem compromisso com o povo, com os trabalhadores, é o legítimo representante das petroleiras americanas e dos bancos privados brasileiros. Assim que sentou na cadeira de presidente, mudou a política de reajustes dos combustíveis e reduziu a produção das refinarias brasileiras, obrigando o País a importar o produto, mesmo tendo capacidade de produzi-lo. Isso beneficia as petroleiras estrangeiras e prejudica a Petrobras. Para que todos os combustíveis fiquem mais baratos, não apenas o diesel, é preciso mudar a política de preços implantada por Temer e Pedro Parente (presidente da Petrobras)”, explicou o coordenador da CEE.
“Essa política de desmonte não é exclusividade da Petrobras. Os bancos públicos e outras importantes empresas estatais também sofrem deste mesmo mal. A Caixa, por exemplo, fechou 4.794 postos de trabalho entre março de 2017 e março de 2018, sem contar os 698 estagiários e aprendizes que ficaram sem emprego. Além disso, o banco fechou 25 agências e 37 postos de atendimento neste mesmo período”, disse Dionísio.
Segundo o balanço do primeiro trimestre da Caixa, divulgado no dia 24 de maio, o banco obteve o lucro líquido de R$ 3,2 bilhões nos três primeiros meses de 2018, que apontou um crescimento de 114,5% em relação ao mesmo período de 2017. O maior lucro trimestral do banco. A rentabilidade foi de 14,8%, 7,2 pontos percentuais maior do que a obtida no mesmo período de 2017.
“A Caixa cresceu em lucratividade, mas perdeu completamente seu caráter de banco público. Fecha agências, promove o desemprego, não contribui com a retomada do desenvolvimento econômico, cobra taxas e tarifas caras pelos serviços. Com o governo Temer, a Caixa passou a funcionar como um banco privado. Deixou de cumprir seu papel social”, disse Fabiana Uehara Proscholdt, secretária de Cultura da Contraf-CUT e empregada da Caixa.
Fabiana explicou que o papel social dos bancos é proporcionar o acesso aos serviços bancários à toda a população, mesmo nos locais mais remotos do País, oferecer crédito com taxas acessíveis para permitir o desenvolvimento econômico e social, e, por fim, proporcionar a segurança e rentabilidade dos investimentos de seus clientes.
Felipe de Albuquerque Pacheco, presidente do Sindicato de Londrina, afirma que o lançamento do programa Eficiência é uma clara demonstração desse desvio de função imposto à Caixa pelo governo Temer.
“Com esse programa, a Caixa se iguala ao Itaú, Bradesco e demais bancos privados, focando sua atuação quase que exclusivamente à redução das despesas operacionais e na imposição de metas cada vez mais altas, sem se preocupar com o que isso significa para as condições de trabalho para os empregados e a qualidade no atendimento aos clientes”, salienta Felipe.
Fonte: Contraf-CUT