Banco do Brasil no RJ registra primeira morte suspeita de coronavírus na categoria

30 de março 2020
Edgard dos Santos Pereira, 66 anos, funcionário do Banco do Brasil na agência do Catete, do Rio de Janeiro, morreu no domingo (29/03), com todos os sintomas do novo coronavírus. Ele trabalhou normalmente até o último dia 13 e foi afastado na segunda-feira (16) após ter sido atendido em uma unidade da Cassi com um quadro de gripe e febre. Como não apresentou melhoras e passou a sentir falta de ar, Edgard foi levado ao Hospital Copa D’Dor na sexta-feira (27), onde veio a falecer no domingo, com quadro de pneumonia dupla, deixando esposa.
Colegas de trabalho lembram que Edgard praticava capoeira e era saudável, o que derruba mais uma vez a tese de que “atletas” estão imunes ao risco de morte em função dessa doença.
Descaso do BB
Os funcionários da agência Catete estão em estado de choque e o Sindicato dos Bancários do Rio cobra a higienização da agência e o fechamento imediato desta e das demais unidades e todo o apoio e assistência aos funcionários e aos familiares de Edgard. A direção do BB se nega a fechar a agência mesmo após a morte do bancário.
“É um total descaso com clientes e funcionários que estão confinados num ambiente fechado e se tornam potenciais alvos do Covid-19. Com toda a pandemia que assola o mundo e agora o Brasil, os bancos se mantêm insensíveis aos riscos e insistem em manter o atendimento nas agências”, disse o diretor do Sindicato do Rio, Alexandre Batista, que esteve na unidade na manhã desta segunda-feira (30) junto com outros sindicalistas.
Fechamento dos bancos, já!
Não deu tempo de sair o exame de confirmação do Covid-19, mas a orientação dos médicos para que não fosse feito o velório e nem cremação, reforça as suspeitas de que a causa morte foi o coronavírus, apesar de seu falecimento não entrar oficialmente nas estatísticas da Secretaria Estadual de Saúde.
Dirigentes do Sindicato dos Bancários do Rio foram imediatamente à agência do Catete, para prestar condolências aos colegas de trabalho de Edgard e falar aos funcionários da importância do fechamento imediato dos bancos, medida defendida pelo Sindicato, e dos cuidados preventivos que as pessoas devem tomar bem como sobre a importância do isolamento social, rebatendo a afirmação do presidente da República Jair Bolsonaro, de que se trata apenas de uma “gripezinha” e de “alarmismo” feito pela mídia.
“É inadmissível a omissão e a covardia da direção do BB. Quantos mortos mais teremos de lamentar para que os bancos entendam que os lucros não podem estar acima da vida? E o banco ainda chega ao absurdo de cobrar metas com pressão psicológica sobre os funcionários”, critica Alexandre.
Presidente do BB insensível
O Sindicato voltou a criticar também a posição insana do presidente da República Jair Bolsonaro, que defende a volta à normalidade e o funcionamento normal do comércio e bancos.
Na sexta-feira, 25, já havia sido confirmado um caso de coronavírus em escritório digital do prédio do Sedan/BB, no Centro da capital fluminense.
O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, declarou em entrevista ao Jornal O Globo, alinhado à posição de Bolsonaro, de que “é melhor” que a maior parte da população seja infectada “o quanto antes” para que “a economia volte a funcionar normalmente”. A afirmação causou revolta na categoria.
“Estamos ainda sob o choque da morte de um companheiro no Rio. Essa afirmação confirma o descaso e a crueldade deste governo e da direção do BB para com os bancários, os trabalhadores e o povo brasileiro”, critica a diretora do Sindicato do Rio e integrante da Comissão de Empresa dos Funcionários, Rita Mota.
Por Carlos Vasconcellos/Sindicato do Rio de Janeiro