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Petroleiros deflagram ‘greve’ de alerta contra aumento dos combustíveis

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30 de maio 2018


Trabalhadores denunciam política de desmonte imposta
por Temer e Parente na Petrobras

Os petroleiros iniciam uma “greve de alerta” a partir do primeiro minuto desta quarta-feira (30/05) em diversas refinarias do País.

Os trabalhadores e trabalhadoras estão reivindicando mudança da política de preços da Petrobras, imposta pelo atual presidente da empresa, Pedro Parente, em julho do ano passado, que permite reajustes diários nos valores do diesel, da gasolina e do gás de cozinha.

A pauta inclui ainda a manutenção dos empregos, a retomada da produção interna de combustíveis, o fim do desmonte e da privatização do Sistema Petrobras.

No Paraná, a categoria também aderiu ao movimento na madrugada, mas, segundo informou o Sindipetro (Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina), durante este período inicial de greve não há risco de desabastecimento de combustíveis essenciais à sociedade, como gasolina, diesel e gás de cozinha.

A entidade, inclusive, já comunicou ao Ministério Público a respeito das medidas que estão sendo tomadas neste sentido. A intenção do movimento grevista é justamente aumentar a produção de combustíveis para reduzir os preços à população.

 Estão em greve os petroleiros que atuam nas unidades da Petrobrás localizadas no Paraná e em Santa Catarina. Na Repar (Refinaria Presidente Getúlio Vargas), localizada em Araucária, região metropolitana de Curitiba, a gestão da empresa trancou os portões da fábrica por volta das 23h00 de terça-feira (29), próximo ao horário da troca de turno de revezamento de trabalhadores. Uma equipe de contingência assumiu a operação para manter a produção de combustíveis.

Duração de 72 horas

De acordo com José Maria Rangel, coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), a greve é uma advertência à “atual administração pela política equivocada” em relação aos derivados do petróleo.

A previsão é de que a paralisação dure ao menos 72 horas. Ao final do dia, a FUP deve emitir um balanço da interrupção do trabalho nas unidades da estatal. 

A categoria pede a redução do preço do diesel, da gasolina e do gás de cozinha através do abandono da política adotada a partir de outubro de 2016 com a gestão de Pedro Parente à frente da companhia. Parente foi ministro do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que tentou privatizar a Petrobras nos anos 90, mas não conseguiu levar em frente essa intenção devido à forte mobilização da Classe Trabalhadora em defesa da empresa e da soberania nacional.

Rangel afirma que a principal razão para o aumento do preço dos derivados foi a decisão de atrelar os reajustes do preço doméstico ao internacional, o que retirou competitividade da Petrobras, que tem capacidade de refinar petróleo abaixo dos custos estrangeiros.

Abaixo da capacidade

“Isso faz com que ela exporte óleo cru e importe o derivado com valor agregado. Nós temos todo petróleo necessário para abastecer o mercado interno. Nossa pauta coloca também a suspensão do processo de privatizações em curso na companhia. Se esse for adiante, o brasileiro vai pagar ainda mais caro. Para fechar, nossa pauta coloca a saída de Pedro Parente, que já causou dois apagões no País”, recorda o sindicalista. 

O primeiro “apagão” ao qual Rangel se refere ocorreu no início dos anos 2000, quando Pedro Parente era ministro das Minas e Energia no governo FHC e o País enfrentou uma grave crise energética. 

Dentro dessa política entreguista de Michel Temer (MDB), a Petrobras já anunciou a intenção de vender quatro refinarias – no Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia e Pernambuco.

Alexandre Castilho, diretor do Sindicato dos Petroleiros Unificado de São Paulo, afirma que a política da Petrobras a partir de 2016 faz com que hoje as refinarias operem abaixo de sua capacidade máxima. 

“Praticamente 30% do mercado nacional está sendo atendido por importação de derivados. Em paralelo, diminuíram a carga de produção nas refinarias, que hoje está na média de 70%”, afirma. 

As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo convocaram atos unitários para esta quarta-feira em apoio à greve dos petroleiros. 

“Enquanto Temer e sua base atuam para entregar a Petrobras às empresas multinacionais, agravando o problema dos preços do gás e dos combustíveis, nós dizemos que ela [a estatal] é do Brasil. É patrimônio do nosso povo e vamos continuar a defendê-la”, aponta documento assinado por ambas as frentes.

“Está claro que o caos que o nosso País vive é fruto direto da falta de democracia e de um governo ilegítimo que está de costas para o povo. Por isso, mais do que nunca, é fundamental garantir eleições livres e democráticas com a participação de todas as candidaturas”.

Ação contra a greve

A pedido da direção da Petrobras e a Advocacia-Geral da União, por meio de uma petição, foi concedida pela ministra Maria de Assis Calsing, do Tribunal Superior do Trabalho, liminar impedindo o início da greve dos petroleiros. 

A decisão foi tomada no início da noite de terça-feira (29). A ministra entendeu que a greve seria abusiva e "realizada para incomodar". Em caso de descumprimento da liminar, os sindicatos da categoria deverão pagar multa diária de R$ 500 mil.

Fonte: FUP